Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Moniz Vianna

Moniz Vianna

 

Durante muitos anos, Moniz Vianna foi o imperador absoluto na crítica cinematográfica. Evidente que era contestado, mas ninguém poderia imaginar um filme importante sem sua opinião, fosse contra ou a favor. Antes de mais nada, foi um líder: apesar de responsável pela seção de cinema, durante dois ou três anos foi o redator-chefe do “Correio da Manhã”.


Criou um grupo que teria influência no jornalismo e na produção cinematográfica, incluindo alguns diretores, como Walter Lima Jr. e Maurício Gomes Leite, e um time de colegas que se destacaram na imprensa nacional, como José Lino Grünewald, Ely Azeredo, Salvyano Cavalcanti de Paiva, Sérgio Augusto, Valério Andrade, Ruy Castro, Wilson Cunha, Paulo Perdigão e outros.


Sua cultura geral era assombrosa: formara-se em medicina e exercia a profissão com seriedade. Mas sua paixão era mesmo o cinema. De 1965 a 1969, estruturou e dirigiu os Festivais Internacionais de Cinema (FIF), que trouxe Fritz Lang e Marco Bellochio ao Brasil. Trabalhou no projeto que criou o Instituto Nacional de Cinema. Entrevistou os principais diretores de sua época, como René Clair e John Ford, que ele particularmente admirava. E os grandes diretores do neorrealismo italiano.


A Companhia das Letras publicou, em 2004, o único livro que seus amigos o obrigaram a escrever: “Um Filme por Dia”. Uma pequena antologia do melhor cinema feito nos anos 50 e 60. Podiam discordar dele, mas todos o respeitavam. Escrevia com elegância e ritmo. Numa crítica a “7 Mulheres”, de John Ford, ele narra em frases ligeiras o filme, que não chega a ser dos mais importantes daquele diretor. Destacando o close que encerra a história, ele escreveu: “A câmara se afasta. Atrás dela está John Ford”.


Jornal do Commercio (RJ) 03/02/2009

Jornal do Commercio (RJ), 03/02/2009