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O ponto G e o ponto zero

 

Muitas teorias existem sobre o ponto G e a maior ambição de todos é encontrá-lo. É o máximo do máximo. Em economia, em tempos de crise, o ponto G é o ponto zero dos juros.


É um sonho que todos perseguem e no Brasil milhões de pessoas falaram zilhões de vezes na baixa de juros, que afinal começam a baixar mesmo, agora aceleradamente. Ontem mesmo o Copom os reduziu em 1,5 ponto percentual.


A atual crise está desmentindo e tornando ineficazes muitos dos instrumentos econômicos julgados milagrosos e reversores de expectativas e desastres. Um dos dogmas era que o juro alto servia para baixar a inflação, alterar os níveis de crescimento e estourar bolhas que se formavam na economia. O Japão levou quase 10 anos patinando em juros zero. Agora, a Inglaterra baixou seus juros para 0,5% e os Estados Unidos para 0,25%. Quase todos os países giram em torno de zero.


Acontece que o remédio heroico não causa mais efeito. Os economistas já estão construindo uma nova teoria, a de que, em tempos de crise como a que vivemos, nada funciona: só a teoria do caos. E acrescentam que as economias perdem capacidade de reagir quando o juro se aproxima de zero.


Nada faz retroceder o caminho ladeira abaixo. Never rains, but pours, como dizem os ingleses.

O Brasil, que julgávamos melhor preparado para enfrentar estes tempos difíceis, já começa a sofrer as consequências dessas novas leis que são a negação das até agora vigentes. Nos Estados Unidos o desemprego chegou a 9% – no ano passado era 4.4% – e no Brasil, onde era de 6,8%, agora está em 8%.


Nossa solução está em procurarmos vencer resistências e investir tudo no nosso mercado interno para criarmos empregos, pois o pior de tudo, em todas as crises, não são os bancos que quebram, mas os milhões de pessoas que perdem o seu emprego e entram no mundo trágico da pobreza e da miséria e da fome. O Bolsa Família e outros programas de colchão social foram criados na hora certa, porque hoje estão segurando o país. Nossas previsões de crescimento mais otimistas chegam nos 0,5%.


É hora de conjugar esforços, apressar a avaliação dos projetos na área ambiental, junto ao Ministério Público e à Justiça. Todos devem se empenhar em resolver os entraves aos investimentos com a maior rapidez, encontrando soluções para os problemas do meio ambiente e do direito, que sempre devem ser atendidos. Mas o certo é investir. Isto é ajudar o Brasil.


A crise é tão grave que ontem tive a maior evidência dela na visita do príncipe Charles ao Senado. Atrasou 40 minutos. Até a pontualidade britânica desmoronou.


Folha de S. Paulo, 13/3/2009