Não dá para entender. Montado em 81% de aprovação popular, com sua candidata Dilma abrindo vantagem nas pesquisas para a decisão do segundo turno, Lula abdicou do seu dever de presidente de todos os brasileiros.
E como eficiente cabo eleitoral, com pós-doutorado em matéria de eleições, indignou-se com o incidente (que ele considerou uma farsa) de Campo Grande, quando petistas que nada tinham a fazer numa passeata do adversário, provocaram um tumulto no qual feriram, parece de que levemente, o candidato contrário.
Quando Dilma começou a descer nas pesquisas (que subiram logo depois), ela prometeu apelar para a “militância”, famosa instituição do PT, uma parcela felizmente ainda pequena do partido, que se considera a tropa de elite para situações de emergência.
Por ora, nada que lembre as SS na Alemanha de Hitler e as esquadras fascistas na Itália de Mussolini. Pau para toda a obra, em momentos críticos do partido, esse tipo de força (que é conhecida como “militância”) foi convocado por Dilma quando ela se deparou com a necessidade de enfrentar um novo turno.
Militância que não é fato novo, os dicionários ensinam que a palavra vem de “miles - milites”, nominativo e genitivo que significam “soldado”. E gerou outra palavra, “militar”, que todo mundo sabe do que se trata, não faz muito tempo tivemos um regime em que a militância em todos os níveis era praticada por militares profissionais.
Não estou insinuando um paralelo, mas lembrando certas coincidências. O que salva o PT é que seu chefe máximo não tem vocação para tirano. Admiro Lula e lamento que ele esteja saindo da Presidência da República, em que se deu tão bem, para, embora vitorioso, vestir a carne, a pele e o grito de um irritado cabo eleitoral.