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As dúvidas de Dilma
A presidente Dilma tem uma estranha maneira de pedir desculpas. Como se não quisesse, ou não pudesse, mas tendo que admitir erros para não complicar mais ainda sua situação, fala sempre no condicional.
A presidente Dilma tem uma estranha maneira de pedir desculpas. Como se não quisesse, ou não pudesse, mas tendo que admitir erros para não complicar mais ainda sua situação, fala sempre no condicional.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito, a pedido do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, contra o atual ministro da Comunicação Social Edinho Silva para investigar a denúncia do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, de que financiou a campanha a presidente de Dilma Rousseff em 2014 com dinheiro desviado da Petrobras.
A presidente Dilma tem razão de ter achado “desastrosa” a fala do vice Michel Temer sobre a dificuldade de mantê-la no governo nos próximos três anos e meio com os níveis de popularidade que ostenta.
É muito conhecida entre os que já fizeram parte de governos, qualquer governo, a Síndrome da Porta Giratória, que acomete a todos que decidem deixar suas funções.
A presidente Dilma Rousseff deve aos brasileiros muitas explicações, que vão se acumulando com o passar do tempo, mas a que se dispôs a dar sobre o orçamento com déficit que enviou ao Congresso não faz nenhum sentido. Se vai mandar uma emenda ao orçamento para cobrir o rombo de mais de R$ 30 bilhões, por que não o fez antes, enviando um orçamento equilibrado?
Nada como uma grande dificuldade para estimular a ação dos que estavam inertes diante dos problemas. O governo acena agora com um grande plano de reformas estruturais a ser apresentado até o fim do ano, enquanto tenta descobrir uma saída para o déficit orçamentário que oficialmente acontecerá no próximo ano, se não houver uma solução negociada com o Congresso.
O depoimento de Marcelo Odebrecht à CPI da Petrobras revela ao país um dos pontos fulcrais de nossa crise moral: uma confusão tão enraizada entre o público e o privado que empresários e agentes públicos muitas vezes perdem a noção do que seja legítimo, isso se considerarmos que as explicações do ex-presidente da maior empreiteira brasileira são sinceras, e não mais uma demonstração de cinismo como tantas que temos visto nos últimos anos.
O juiz Sérgio Moro, que atua na Operação Lava-Jato, compara-a à Operação Mãos Limpas, o famoso combate na Itália contra a corrupção, ocorrido na década de 90. Considerado um dos maiores especialistas em combate à lavagem de dinheiro – e por isso atuou junto à ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão - é um estudioso do caso italiano e publicou em 2004 na revista do Conselho de Justiça Federal um artigo em que traça paralelos entre o Brasil daquela época e a Itália.
Não foi por acaso que o ex-presidente Lula anunciou ontem a possibilidade de vir a disputar a presidência da República em 2018, ao fim de uma semana em que o boato de que estaria prestes a ser apanhado na Operação Lava-Jato dominou o mercado político brasileiro.
O depoimento ontem do presidente do BNDES Luciano Coutinho na CPI, e a sabatina do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot na Comissão de Constituição e Justiça do Senado na quarta, deixaram pelo menos alguns pontos obscuros que nossos parlamentares não souberam apontar.
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, revelou ontem em sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado que o processo pedido pelo PSDB, com base em parecer do jurista Miguel Reali Jr., acusando a presidente Dilma Roussef de crime comum pelas pedaladas fiscais, está em curso, e estão sendo ouvidas as pessoas relacionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como responsáveis pela política econômica no primeiro governo.
O TSE definiu ontem uma maioria para abrir uma ação de investigação sobre as contas da campanha eleitoral da presidente Dilma em 2014, mudando de patamar a atuação do Tribunal com relação ao pedido do PSDB para impugnar o diploma da chapa vitoriosa por abuso de poder político e econômico.
A presidente Dilma Rousseff vai pouco a pouco, à sua maneira, fazendo um arremedo de mea culpa para tentar recuperar a credibilidade perdida. Mas como não é de sua natureza admitir erros, não consegue passar a sinceridade de seus atos, pois na verdade eles são insinceros.
Os Procuradores do Ministério Público que trabalham junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) detectaram sinais de que o governo continua utilizando as pedaladas fiscais nestes primeiros meses do segundo mandato da presidente Dilma, o mesmo procedimento de 2014 que está sendo denunciado pelo TCU como um descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A saída do vice-presidente Michel Temer da coordenação política do governo, já decidida mas não concretizada, marcará o afastamento político do PMDB do governo petista cujo enredo tem um final previsível, embora não certo: o impeachment da presidente Dilma Rousseff, e a assunção de Temer ao cargo de presidente do país.