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Artigos

  • Polarização mantida

    O candidato do PSDB à presidência, senador Aécio Neves, tem razão de estar “alegre” e “animado” com a pesquisa do Datafolha divulgada ontem, mesmo tendo ficado no mesmo lugar: se descolou de Eduardo Campos, do PSB, e a presidente Dilma manteve uma trajetória de queda. Ele trabalhava com a hipótese de os novos números repetirem os das últimas pesquisas, mas o resultado foi melhor do seu ponto de vista, pois seus concorrentes caíram além da margem de erro.

  • Desconstruindo a representação

    Diante da realidade eleitoral que lhe é adversa neste momento, com uma tendência de queda detectada pelas pesquisas, a presidente Dilma cedeu aos radicais do PT para tentar animar os militantes do partido: aceitou discutir uma regulação econômica da atividade, uma das facetas do controle social da mídia, e assinou na surdina um decreto instituindo conselhos populares nos diversos níveis de atuação do governo, passando por cima do Congresso, sobretudo na representação da população nas decisões de governo. Numa democracia representativa como a que (ainda) temos, esse papel caberia aos parlamentares eleitos pelo voto direto do cidadão, e não a movimentos “institucionais” e mesmo “não institucionalizados”, como previsto no decreto presidencial que está sendo contestado no Congresso.

  • Eleitoreira, não inconstitucional

    A decretação pela presidente Dilma Rousseff de uma Política Nacional de Participação Social (PNPS), criando "conselhos populares" sem uma prévia discussão com a sociedade civil e o Congresso, indica uma “democracia eleitoreira”, que restringe a noção de participação somente para os períodos eleitorais, na opinião do constitucionalista e ex-deputado federal Marcelo Cerqueira, e aponta para uma tentativa do PT de organizar os movimentos sociais sobre os quais está perdendo o controle, de acordo com o sociólogo Bernardo Sorj, professor do Instituto de Ciências Avançadas da USP.

  • Oposição em alta

    O pior dos resultados para o Palácio do Planalto acabou se concretizando. A oposição está em alta, não apenas a externa como também a dos partidos aliados. Desde 2002 o PMDB não vai tão dividido às eleições presidenciais, quando indicou Rita Camata para vice na chapa tucana liderada por José Serra, derrotado então pelo ex-presidente Lula, que contou com o apoio de diversos grupos dissidentes regionais do PMDB. A convenção nacional do partido decidiu apoiar a reeleição de Dilma por 59% contra 41%, dando-lhe mais 4 minutos e 36 segundos de propaganda eleitoral no rádio e televisão, mas negando o apoio de sua máquina partidária em muitos estados.

  • Pão e circo

    A Copa do Mundo de futebol começa hoje em São Paulo sem que dois personagens centrais de sua organização possam sequer aparecer no telão do Itaquerão, ou terem suas presenças no estádio anunciadas, justamente os que pensavam em retirar do evento dividendos políticos, cada qual à sua maneira: a presidente Dilma, candidata petista à reeleição, e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, também almejando mais uma recondução ao cargo.

  • Números ruins

    A mais recente pesquisa do Ibope sobre a corrida presidencial tem números ruins para a presidente Dilma, mas nenhum igual ao que mostra que hoje, pela primeira vez, na avaliação de seu governo o índice de ruim e péssimo já é maior do que o de bom e ótimo, 33% a 31% respectivamente.

  • O sentido das coisas

    Sem dúvida é uma boa sacada de marketing atribuir os xingamentos à presidente Dilma no Itaquerão, na estreia do Brasil na Copa, a uma “elite intolerante”, E melhor ainda fazer-se de vítima, como tentou a presidente, misturando alhos com bugalhos ao lembrar as torturas que teria sofrido quando presa no regime militar.

  • Espírito de sobrevivência

    Desde a eleição presidencial de 1998 o PSDB não consegue apresentar uma candidatura que unisse tanto o partido quanto a de Aécio Neves, confirmada ontem quase que por aclamação na convenção partidária realizada em São Paulo, berço do partido e maior colégio eleitoral do país. A façanha é mais emblemática ainda se considerarmos que esta é a primeira vez em que um candidato não paulista é o representante do partido.

  • Reescrevendo a história

    Reescrever a história é um hábito dos políticos que estão no poder, teimando em fazer valer suas versões sobre o realmente acontecido, especialmente em época de eleição. O ex-presidente Lula é um perito nessa manipulação da história recente, sem se dar conta de que o registro dos fatos hoje é bem mais fácil de se fazer.

  • Última denúncia

    O ministro Joaquim Barbosa é mesmo imprevisível. Um dia depois de ter criticado os xingamentos à presidente Dilma, classificando-os de “um horror” e “baixaria”, desiste de continuar à frente da execução das penas dos condenados pelo mensalão.

  • O sentido dos ventos

    Não existe nada que agregue mais na política do que a expectativa de poder, mais até, dizem os políticos, que o poder presente, que tem prazo de validade. É o caso de um presidente que disputa a reeleição. Naturalmente ele atrai mais apoios, pois, em tese, o poder incumbente tem muitos instrumentos a seu favor, e a reeleição é mais provável. Por isso a presidente Dilma reúne em torno de si uma miríade de partidos políticos que lhe darão um tempo de propaganda eleitoral muito maior que o de seus adversários.

  • Caindo na real

    Num ataque de “sincericídio” que desmontou o álibi de Lula, o ministro Gilberto Carvalho afirmou, diante de blogueiros chapa-branca e ativistas petistas que “no Itaquerão não tinha só elite branca, não. Não fui pro jogo, mas estive ao lado [do Itaquerão], numa escola (…), fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô. Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca”.

  • Sem salto alto

    A convenção do PT que aclamou a presidente Dilma como sua candidata à reeleição trouxe a boa notícia de que o partido, fora algumas poucas exceções, decidiu não incorporar a política do ódio às elites à sua estratégia eleitoral, como sugerira o ministro Gilberto Carvalho em uma extemporânea entrevista a blogueiros chapa-branca. Carvalho parecia fora do tom oficial, mas estava apenas alertando que o caminho escolhido estava errado, já que reconhecer os problemas é a primeira coisa a fazer para tentar superá-los. O próprio presidente Lula, com uma modéstia que não é de seu feitio, ontem comparou a candidatura de Dilma à seleção da Costa Rica, que vem fazendo furor na Copa do Mundo ao derrotar seguidamente o Uruguai e a Itália e classificar-se antecipadamente no chamado “Grupo da Morte”.

  • Administrar o tempo

    A uma semana do prazo final para a definição das candidaturas para a eleição deste ano, quem soube administrar melhor o tempo de decisões, uma arte da política, levou vantagem na armação das coligações. No lado da oposição o PSDB saiu na frente do PSB nessa primeira etapa da disputa, muito por que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos perdeu tempo administrando sua relação com a Rede de Marina Silva.

  • Ninguém é de ninguém

    A cada dia que passa, mais a realidade de nossa política justifica a comparação com uma bacanal partidária, onde ninguém é de ninguém. O PTB, que abandonou o barco governista aos 45 do segundo tempo, agora tenta vender apoios isolados à candidatura Dilma, exatamente o mesmo que o PMDB fez no sentido contrário, isto é, apoiando a reeleição da presidente a nível nacional, mas abrindo dissidências regionais.