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Artigos

  • O direito à verdade

    RIO DE JANEIRO - A publicação do livro "Direito à Memória e à Verdade", lançado sob patrocínio do presidente da República, é um passo à frente -e passo importante- para esclarecer, mas sem denunciar legalmente, os muitos crimes do regime militar (1964-1985).

  • Tudo tem seu dia

    RIO DE JANEIRO - Amanhã é Dia da Pátria. Tudo bem, todo mundo merece ter uma pátria e, por bem ou por mal, todos os dias são dela. Mas já tivemos aqui no Brasil o Dia da Raça, uma estupidez bolada pelo Estado Novo, pelos intelectuais da situação que o explicavam, não por Vargas, que no fundo detestava dar ou receber explicações. A propósito do que poderia ser a raça brasileira, aprendi com o embaixador e acadêmico Alberto da Costa e Silva que no submundo dos falsários internacionais o passaporte brasileiro é o mais valorizado, custa cinco vezes mais do que o passaporte holandês ou o japonês. Motivo: qualquer foto de qualquer um pode ser colocada no lugar da foto original, louro, albino, pardo, negro, amarelo, dolicocéfalo ou não, indivíduos de qualquer raça podem passar por brasileiros e vice-versa, nossa raça é como a Casa do Pai de que Cristo falava: tem muitas moradas.

  • A grande comadre

    RIO DE JANEIRO - Não havia mídia naquela época: nem rádio, TV ou internet. Os poucos jornais eram oficiais ou oficiosos, malfeitos, de circulação simbólica. As notícias eram poucas, nada acontecia de importante além do expediente funcional. Afinal, "era no tempo do rei" -a frase que inicia as "Memórias de um Sargento de Milícias".

  • Parábola social

    RIO DE JANEIRO - Maior produtor mundial de melancia, o povo daquele país vivia tragicamente dividido entre aqueles que cortavam aquela fruta no sentido longitudinal e aqueles que a cortavam lateralmente. Era uma guerra feroz, que remontava a cinco séculos, desde que Cornélio 2º, o Desditoso, se apossara do trono e fundara a dinastia da qual o rei atual era o derradeiro rebento.

  • Vitória envergonhada

    RIO DE JANEIRO - Os pessimistas, como eu, acreditando que de hora em hora Deus piora, não ficaram surpreendidos com o resultado da votação de ontem que absolveu o presidente do Senado do crime de uma corrupção mais do que provada -e comprovada inclusive pela Comissão de Ética do próprio Senado.

  • Carta anônima

    RIO DE JANEIRO - Leio nos colunistas especializados: a turma que deseja salvar Renan Calheiros da cassação encontrou o argumento irrefutável para convencer os senadores que ainda estão vacilantes para a votação da próxima quarta-feira, apesar do voto secreto que limparia a barra para a manifestação livre da consciência de todos.

  • Voto secreto

    RIO DE JANEIRO - Entre outras coisas, democracia pede responsabilidade e transparência. Voto secreto é a negação do direito individual de ter uma opinião. Antigamente, uma eleição para a Academia Brasileira de Letras era exercício digno de um ofidiário, cobras escoladíssimas que, de um lado sagravam um eleito, de outro amarguravam até a morte os derrotados. As votações sempre foram secretas, como as de Renan Calheiros no Senado.

  • O papel que ele faz

    RIO DE JANEIRO - Para ser sincero, comentar mais uma vez o caso do presidente do Senado, absolvido pelos seus colegas na semana passada, é um saco maior do que aquele que Papai Noel usa no natal. Chamar os senadores que o apoiaram de sicofantas não adianta mesmo -nem os próprios sabem o que é e o que faz um sicofanta.

  • Ainda o voto secreto

    RIO DE JANEIRO - No último domingo, a propósito do voto secreto adotado em algumas instituições, associações e clubes, contei um episódio folclórico na Academia Brasileira de Letras, que, apesar do esforço contrário de alguns de seus membros, cultiva esse tipo de processo eleitoral para a admissão de novos acadêmicos.

  • Toda uma mulher

    RIO DE JANEIRO - Gabriel García Márquez disse que precisava de um ano para escrever um livro de 400 páginas. Confessou que a mesma história, em forma de bolero, poderia ser escrita em meia hora e no espaço de três minutos e meio, tamanho de uma faixa musical.

  • Sem esperança

    RIO DE JANEIRO - Estudantes de jornalismo, em Curitiba, aproveitando a pausa de uma palestra para os vestibulandos do curso Decisivo, me perguntam se há lugar para a esperança. Com Domingos Pellegrini e Miguel Sanches Neto, falávamos sobre os livros que irão cair no vestibular. O tema era exclusivamente literário, mas acima de todos nós estava aquela "nuvem que os ares escurece" -tal como disse Camões no começo do episódio do Adamastor.