Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > A crise na mídia

A crise na mídia

 

É comum a lamentação de que os jovens não gostam de ler revistas e jornais a não ser aqueles diretamente ligados ao seu universo específico. Além disso, a população madura vai também, aos poucos, questionando a oportunidade ou a necessidade de se informar na leitura diária e constante de um meio tradicional que hoje encontra novos e surpreendentes recursos de comunicação.


Há causas conhecidas do afastamento dos leitores. O jornal ainda é a referência principal e a mais categorizada da informação -as outras mídias estão baseadas nela. Já foi dito que o jornalismo dos demais veículos de comunicação é pautado pela mídia impressa, a mais responsável, a que mais investe na busca de informações. Tirante a internet, que atua num universo novo, as outras mídias vão atrás dela, desenvolvendo-a, ampliando-a, ilustrando-a.


Qualquer pesquisa sobre a questão revela que os leitores se queixam, sobretudo dos jornais, pelo espaço e pelo entusiasmo que dão à política e, sobretudo, aos políticos. Páginas e páginas sobre especulações, intrigas de bastidores, revelações de fontes abstratas -um "mix" de fofocas que abastece grande parte do noticiário e a maioria das colunas especializadas.


Um fato: determinado líder convida outros líderes para um jantar comemorativo das bodas de prata ou de ouro de seu casamento. Outro determinado líder deixa de comparecer porque teve de ir ao velório do sogro de uma de suas filhas. Pronto. Está armado o circo de uma grande convulsão nacional.


Durante uma semana, ou mais, a fauna dos editores, redatores, repórteres e colunistas políticos entra em ebulição, extraindo do fato possível a possibilidade de uma crise, de um tsunami no Congresso, no núcleo do poder, nas relações externas, na taxa de juros e de câmbio e, nos tempos atuais, nos rumos da próxima sucessão presidencial.


 




Folha de São Paulo (São Paulo) 11/05/2005

Folha de São Paulo (São Paulo), 11/05/2005