Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Robert Wise

Robert Wise

 

Dos cineastas estrangeiros que conheci pessoalmente, embora superficialmente, três deles me impressionaram: Stanley Donen, ("Cantando na Chuva"), num almoço aqui no Rio, em companhia do Zevi Ghivelder; Federico Fellini, num almoço em Roma, no Gigi Fazzi, uma espécie de churrascaria que não mais existe, e Robert Wise, com quem passei um fim de semana em Teresópolis, na casa de Adolpho Bloch.


Foram conversas pontuais, sem nada de extraordinário para mim e muito menos para eles, tudo na base da cortesia. O único que falou sobre cinema, abertamente, foi Robert Wise, que morreu na semana passada, aos 91 anos. Tenho uma foto com ele, à beira da piscina, quando pude fazer algumas perguntas que escapuliram da conversa amena e podiam fazer parte de uma entrevista que até hoje não fiz.


Não vou dizer que Robert Wise foi o meu diretor preferido. Acima dele, e fora do cinema norte-americano, preferia europeus, notadamente italianos e franceses. E no próprio sistema que ele integrava (Hollywood), prefiro Billy Wilder, sobre quem já escrevi alguns artigos. Mas Wise me agradava pelo espírito profissional com quem encarava o cinema, obra coletiva acima de tudo. Tendo montado "Cidadão Kane", nunca disputou com Orson Welles qualquer mérito no filme. Que, por sinal, mais do que qualquer outro filme, dependia da montagem.


Conhecido por dois musicais de sucesso ("West Side Story" e "A Noviça Rebelde"), perguntei-lhe o que era mais importante numa obra cinematográfica: a história, o diretor, os atores, o roteirista, o produtor, o fotógrafo, o cenarista ou a equipe inteira.


Wise respondeu que tudo era importante, mas não o essencial. O essencial era a "idéia". A idéia sobre a qual cada macaco no seu galho trabalharia sem perder o rumo da própria idéia. Depois de dizer isso, como se falasse consigo próprio, ele comentou: "Acho que em qualquer manifestação de arte o mais importante é a idéia".




Folha de São Paulo (São Paulo) 19/09/2005

Folha de São Paulo (São Paulo), 19/09/2005