Pesquisa que ainda não foi feita: qual dos dois nomes, atualmente, é mais citado na mídia, Palocci ou Dirceu? Sei que todos temos problemas pessoais, profissionais e existenciais, criar mais um não chega a ser maldade, é um pleonasmo.
Detestando qualquer tipo de pesquisa, não seria eu que me daria ao trabalho de contar quantas vezes os nomes do ex-ministro e do ainda ministro estão rolando por aí. Limito-me a um chute: acho que estão empatados. Ou, se há um vencedor, é coisa que os turfistas classificariam de vitória "por cabeça".
Como sempre, não tenho opinião formada sobre a culpa ou a inocência dos dois. Em minha proclamada ignorância dos grandes e pequenos lances da política, verifico que ambos têm defensores e acusadores, sobre eles há suspeitas, indícios, provas provadas e não provadas -o circo habitual e exausto que forma e informa o noticiário que se fabrica e consome.
Num e noutro caso, tudo isso na suposição de que nada mais importante pode ser feito -desde a morte de Dana de Teffé, cujos ossos até hoje ninguém sabe onde foram parar. Esses ossos foram o grande assunto que, faz algum tempo, ocupou e preocupou a mídia durante meses.
Faz tempo, também, comprei na Mondadori, na antiga sede de Verona (Niemeyer ainda não havia feito aquela obra-prima em Milão para sediar a editora), um documentário em disco sobre os dez anos centrais do século 20, com as vozes de Churchill, Mussolini, Roosevelt, Stálin, Trótski, Hitler, Pio 12, depoimentos de Marconi, Einstein, Bernard Shaw, Freud, De Gaulle, Greta Garbo -uns pelos outros, personagens bem mais importantes do que Palocci, Dirceu e Dana de Teffé.
De uma forma ou de outra, continuamos a falar neles, com exceção de Dana, sobre a qual somente o cronista tem audácia de ainda falar. O disco termina com uma criança perguntando: "Que gente toda é essa?".
Folha de São Paulo (São Paulo) 30/11/2005
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