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As missas do PT

 

Pressionado pelas denúncias, comprovadas em sua maioria pelos fatos, o PT admitiu seu caixa dois, cujos fundos, como sempre acontece com os caixas dois, vieram de dinheiro sujo ou, na melhor das hipóteses, de contribuições suspeitas, que não foram contabilizadas como manda a lei.


Esse dinheiro ilegal teve diversas destinações, como a compra de votos apelidada de "mensalão" -a maioria delas também comprovada e, de alguma forma ou de outra, admitidas pelos beneficiários.


A mídia está botando a boca no mundo toda vez que, nos últimos anos, fica provado que saía dinheiro das burras do partido para pagar qualquer coisa. Todos os credores seriam cúmplices explícitos do caixa dois do PT.


Minhas simpatias pessoais (não as tenho na política) estão longe da admiração que o PT provocou no eleitorado. Desde os inícios do partido, senti nele um bafio totalitário, lembrando em alguns casos a ascensão dos nazistas, pelo menos até 1933, quando tomaram o poder na Alemanha democraticamente, dentro das regras do jogo. A briga pelo poder interno do PT teria de dar na lambança que conhecemos. Não fosse desmascarado, como está sendo, pagaríamos preço bem maior pelo messianismo de que o partido se revestiu.


A mídia, deslumbrada, ajudou a criar o halo de santidade, bastava ser do PT para qualquer um se tornar vestal, dono da verdade e da moral. Após a lambança, a mesma mídia, em seus escalões variados, cobra do partido qualquer centavo que tenha saído, do caixa dois ou do caixa um, para pagar desde o suborno imoral de políticos até a conta de gás, de luz e as missas que encomendou pela alma de seus mártires.


O problema se resume, em última instância, à contabilidade do PT, que o próprio PT admite como fajuta. E das pessoas ou firmas que foram pagas pelas referidas burras. Não competia àqueles que legalmente prestaram serviços ao PT rastrear as origens do pagamento, mas sim registrá-lo como manda a lei.




Folha de São Paulo (São Paulo) 11/12/2005

Folha de São Paulo (São Paulo), 11/12/2005