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Hora de sair do palanque

 

A luta política violenta e irracional que tivemos no Maranhão, quando abandonamos a discussão dos problemas do estado para fixarmos todo o debate no terreno pessoal, vai atrasar o Maranhão por muitos anos.


O desenvolvimento tem como base uma visão estratégica, a arte de construir soluções e encontrar caminhos. Para isso é necessário idéias, capacidade intelectual e determinação política de realização. Como tantas vezes temos dito que o modelo primário, baseado na agricultura de subsistência, exauriu-se e fez a miséria crônica das populações mais pobres. O Maranhão teve a falta de sorte de receber um fluxo de imigração muito grande. Sua população ultrapassou os seis milhões num curto espaço de tempo e essa gente era a mais desprovida de recursos, em geral retirantes da seca, que não traziam senão bocas para alimentar. Não significava nenhum investimento, não traziam recursos e apenas aumentavam a demanda de serviços públicos. Esses imigrantes voltaram-se para a terra e a terra é pobre, sem condições de rentabilidade. O resultado foi a economia vegetar na plantação de arroz de sequeiro, uma vez que o algodão tinha entrado em total declínio de preço e de demanda.


Agregou-se, a partir da década de 30, uma atividade que vem dos começos da humanidade, característica de populações ambulantes, a coleta, no caso do babaçu, que passou a ser a capa vegetal surgida depois da derrubada da mata original. O Maranhão desmatou-se todo.


Minha visão foi a de criar uma vocação e esta surgiu com uma conjugação logística de aproveitar o Porto de Itaqui e em torno dele desenvolver-se uma grande civilização de progresso. Daí ter nascido o pólo siderúrgico que se criou com a Vale e a Alumar. Mas ainda não saímos para a segunda etapa de formação de um parque industrial, com indústrias de segunda linha que possam agregar valor, emprego e renda.


Vítimas de alguns governadores incapazes, com honrosas e conhecidas exceções, alguns deles com uma mentalidade latifundiária, distribuímos mal as nossas terras e descuidamos de melhor modelo, mesmo para uma terra pobre e ácida, sem calcário para melhorá-las.


O Maranhão perdeu até a capacidade de sonhar. Atualmente não temos um plano, não temos planejamento, não temos um projeto que possa mobilizar as inteligências para pensar o Maranhão.


Como criar riqueza? O atual governo ganhou as eleições sabe Deus com que métodos, mas a empresa Pública construiu a visão da nossa miséria e da culpa nossa. Qual o Plano para sair dela? Ninguém sabe. Há cinco anos já estão no poder do Estado e há duas décadas na Prefeitura de São Luís. Aqui, não se sabe nenhuma obra pública que tenha sido realizada.


Queremos sonhar. Queremos uma utopia. E não temos motivos nem idéias para isso. Até a siderúrgica, que é a base para criação do pólo metalúrgico, perdemos para o Ceará e Espírito Santo. O bonde passou e não embarcamos. Nós assimilamos a derrota e queremos ser oposição responsável, mas para ajudar. Um terreno comum do interesse do estado, onde se possa juntar forças e ajudar.


Ele, infelizmente, não existe. Só se pensa em consumar a deletéria obra de destruir as pessoas. Que o governo possa ter a coragem de sair do palanque e não ficar prisioneiro do ódio de pessoas que nada significam.


O Estado do Maranhão (MA) 20/1/2008