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ABL na mídia - Folha de São Paulo - Livros sobre samba, renovações na ABL e mais novidades literárias

 

Cem especialistas do universo do livro foram convidados a participar do projeto da Folha para eleger os melhores livros brasileiros do século 21. Professores, críticos, pesquisadores, curadores de festivais, donos de livrarias, escritores e jornalistas escolheram, cada um, até dez títulos que consideram suas melhores leituras deste quase um quarto de século.

No topo da lista, "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves. Foi o livro eleito como o melhor não só pelos conhecedores, mas também pelos leitores entusiastas que participaram de uma votação aberta do jornal. Ter esse título na primeira posição é uma boa representação do espírito de renovação que tomou o resto da lista e vem pedindo espaço no cenário da literatura brasileira.

"Se até aqui os nomes consagrados foram quase exclusivamente de homens brancos (...), a seleção agora apresentada aponta um novo paradigma, mais plural e, veja só, insurgente", escreve a colunista Bianca Santana. Pelo menos nesta amostra, como aponta a crítica Walnice Nogueira Galvão, professora emérita da Universidade de São Paulo, a negritude triunfa.

Sabemos que nenhuma seleção pode determinar o melhor livro como uma verdade absoluta —listas são, por natureza, limitadas. Mas elas ajudam a iluminar o presente e cumprem uma função importante ao apontar tendências e evidenciar as mudanças na cultura brasileira.

Parafraseando o filósofo Arthur Schopenhauer, a vida é muito curta para ler livros ruins. Por isso, o jornal indica leituras que com certeza valem o investimento, seja por sua qualidade literária ou pelo que revelam sobre o nosso tempo.

"Samba - Música Popular em Quadrinhos" (Brasa, R$ 149,90, 264 págs.) transforma sambas clássicos em narrativas visuais que se guiam não só pelo enredo, mas principalmente pelo ritmo das obras originais. A publicação reúne oito quadrinhos de diferentes autores que, segundo a jornalista Raquel Franco, foram desafiados a "contarem visualmente" as músicas sem necessariamente recitá-las.

"Beth Carvalho: Uma Vida pelo Samba" (Sonora Editora/Musickeria, R$ 89,90, 440 págs.), de Rodrigo Faour, conta como a cantora adotou o samba como profissão de fé e aponta o machismo que enfrentou na sua carreira. Segundo o jornalista Augusto Diniz, as questões de saúde que colocaram Carvalho em uma cadeira de rodas e o seu conhecido temperamento forte são mencionados somente no final do livro.

"Como Escrever uma Canção" (trad. Thiago Lins, Edições Sesc São Paulo, R$ 55, 136 págs.), do cantor Jeff Tweedy, conta o processo de composição do vocalista da banda Wilco. Seu objetivo com a obra é ajudar o leitor a escrever uma única música, diz ele. Não se trata, porém, de um guia técnico. "Tweedy foca mais a experiência pessoal da criação, dividindo inseguranças, exercícios, hábitos e pequenas epifanias", escreve a jornalista Carolina Faria.

E mais

No recém-lançado "Influência" (Alameda, R$ 58, 132 págs.), o sociólogo Renato Ortiz, professor titular da Unicamp, afirma que os influenciadores são prisioneiros da virtualidade que lhes permite existir. "A internet é um lugar onde você encontra em desencontro com os outros. Ela não cria laços como a religião, o partido político, as igrejas e mesmo comunidades de vizinhança", afirmou Ortiz ao podcast Ilustríssima Conversa.

No livro "O Bom do Alzheimer" (Sextante, R$ 49,90, 192 págs.), a pedagoga Claudia Alves propõe um novo olhar para uma doença que afeta a vida do paciente e de todos ao seu redor. A autora convive com a doença da mãe há 15 anos e escolheu aprender com ela. "Fazer esse livro mexeu em feridas e traumas. Coisas que eu achei que não doíam mais, que eu achei que já estavam apagadas. Mas expor isso me aliviou", conta à repórter Giulia Peruzzo.

Em "A Sabedoria das Corujas" (Fósforo, R$ 124,90, 336 págs.), Jennifer Ackerman mergulha no mundo dessas aves noturnas para revelar sua inteligência e singularidades comportamentais. Ela alerta, porém, para os perigos de encarar essas aves como pets —algo que cresceu com a saga "Harry Potter". "São animais selvagens. Precisam estar livres, não em jaulas dentro de casa", afirma a autora à jornalista Marcella Franco.

Além dos Livros

A Academia Brasileira de Letras vive um processo de renovação, com sucessivas mudanças em seu quadro. Na última quinta-feira (22), aconteceu uma coincidência: no mesmo dia em que Paulo Henriques Britto foi eleito para ocupar a cadeira nº 30, antigo lugar de Heloisa Teixeira, morreu Evanildo Bechara, referência em linguística brasileira e ocupante da cadeira nº 33. Agora, a instituição tem a missão de preparar uma nova eleição com outra já a caminho. Nesta quinta (29), os imortais da Academia se reúnem para eleger um sucessor da cadeira deixada por Marcos Vilaça, morto em 29 de março. A escritora Ana Maria Gonçalves, autora do épico "Um Defeito de Cor", se candidatou no fim da tarde desta terça-feira (27) à cadeira aberta pela morte de Bechara, e larga como favorita à vaga.

Um audiolivro inédito de Antonio Cicero será lançado em julho em simultâneo com a antologia "Fullgás", que reúne a obra completa de poesia que ele publicou em vida. O Painel das Letras conta que, poucos meses antes de morrer, Cicero gravou todos os seus livros de poesia em áudio.

Pela primeira vez desde sua reformulação em 2016, o prêmio Booker Internacional, que celebra os melhores livros traduzidos para o inglês, elegeu um livro de contos como vencedor. A obra vitoriosa foi "Heart Lamp", da indiana Banu Mushtaq, traduzida do original em canarês ao inglês por Deepa Bhasthi. O livro retrata o cotidiano de mulheres muçulmanas que enfrentam abusos dos maridos, negligência familiar e a indiferença de líderes religiosos.

Matéria na íntegra: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/05/livros-sobre-samba-renovacoes-na-abl-e-mais-novidades-literarias.shtml

28/05/2025