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ABL na mídia - O Globo - Artigo: Em ano de Rio Capital Mundial do Livro, a maior – e mais incrível – Bienal de todos os tempos

 

Foi nos salões do Copacabana Palace, na icônica Praia de Copacabana em meio a década de 80, que a Bienal do Livro do Rio de Janeiro nasceu. Seu surgimento em um cenário tão simbólico é a tradução perfeita da vocação literária e cultural do Rio: uma cidade onde a literatura sempre foi parte essencial da paisagem cultural e identidade de seu povo. Berço de nomes fundamentais como Machado de Assis, Cecília Meireles, Lima Barreto e tantos outros, o Rio sempre foi o território onde a literatura ganhou vida em múltiplas formas — da poesia aos romances, dos saraus de rua às bibliotecas históricas. E, voltando aos salões do Copacabana Palace, há mais de 40 anos, quero lembrar dos livreiros que ali construíram seus próprios estandes, em um espaço de 1.400 metros quadrados, moldando aquela que seria a mais nova e potente expressão do universo literário carioca: a Bienal do Livro Rio, que agora se prepara para a edição especial de 2025, no ano em que o Rio foi eleito a Capital Mundial do Livro.

Digo especial porque o maior festival de literatura, cultura e entretenimento do país promete fazer do Riocentro um parque literário com ativações inéditas e que vão fomentar o gosto pelos livros de uma forma lúdica, leve, envolvente — como a experiência leitora deve ser, sobretudo quando falamos de um evento que tem como propósito o incentivo à leitura e à formação de novos leitores. A verdade é que o Rio sempre foi uma importante capital cultural do país e estarmos presentes na memória afetiva das pessoas é algo muito inspirador. Certa vez, ouvimos do querido escritor Laurentino Gomes que a Bienal do Rio é o Brasil que deu certo (e, ainda nesta conversa, questionava com curiosidade para onde iriam essas pessoas quando saíam do evento, já que fora dali, voltávamos um país que sofre com a queda contínua no número de leitores).

Ao longo desses anos, vimos uma feira de livros evoluir para um evento de conteúdo com uma programação plural e diversa, fomentando uma rica geração de conhecimento sobre as mais diferentes discussões contemporâneas, com o objetivo de refletirmos juntos sobre o futuro. A Bienal do Livro Rio, em perfeita sincronia com o mercado editorial, criou tendências e influenciou outros eventos literários do país, trazendo autores nacionais e internacionais promovendo encontros únicos, para que leitores vivessem uma proximidade suficiente para trocar ideias e interagir com seu escritor preferido. Pensando na democratização da leitura, implementamos novos espaços e formatos para dialogar com os mais diversos públicos, como o Café Literário, que este ano completa 25 anos, e os grandes palcos para receber a potência dos influenciadores para os jovens leitores, além de formatos que se conectam às narrativas de outras plataformas como teatro, música, cinema e streaming. Sem falar da área infantil, que não só cresceu ao ponto de se tornar o maior espaço da Bienal como transbordou suas delimitações físicas para conteúdos e ativações por todo o evento.

Foi ainda em 2019, com toda a evolução do mercado de eventos e a expectativa do público em viver ativamente aquela efervescência, que entendemos que as experiências e o contato lúdico com os livros já faziam parte da Bienal. Então, traçamos um plano para que o festival, como todo grande evento de público, pudesse oferecer interatividade, novas imersões sensoriais e atrações ainda mais inesquecíveis. E foi justamente este título conferido pela Unesco que nos inspirou a trazer uma edição ainda mais forte para 2025, antecipando os nossos planos de transição gradual para o conceito Book Park aproveitando que os livros e a leitura no Rio estarão sob os holofotes do mundo.

Essa decisão ocorreu em 2023, quando a Bienal do Livro Rio comemorou 40 anos, com recordes de públicos e vendas: foram mais de 600 mil pessoas presentes e aproximadamente 5,5 milhões livros vendidos — média de nove livros por pessoa. A nossa cidade abraçou a Bienal, que se tornou patrimônio cultural imaterial. Foi ainda durante o evento que soubemos que se aproximava a data final de inscrição das cidades de todo o mundo para sediar este marco. E para nós da organização, GL events Exhibitions e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), essa construção de quatro décadas fazia todo o sentido para impulsionar a candidatura do Rio de Janeiro. O legado da Bienal, certamente, seria essencial para a conquista do título.

Iniciava-se, então, uma verdadeira corrida contra o tempo e uma grande força tarefa, somando esforços junto à Prefeitura, para que a candidatura do Rio pudesse ser avaliada pela comissão internacional da Unesco, que é formada por federações de editores, escritores, livreiros e bibliotecas. Era algo possível, afinal. Algo que a gente acreditava muito, por toda a contribuição da Bienal em fazer do livro o protagonista da cena cultural brasileira, e pela sua capacidade de se tornar um enorme polo irradiador do incentivo à leitura. As páginas em branco desta candidatura foram escritas a muitas mãos, na torcida para suceder a Estrasburgo, na França, onde o Rio recebeu o título neste dia 23 de abril, data em que se festeja o Dia Mundial do Livro.

A cidade foi escolhida por seu “patrimônio literário”, de alcance nacional e histórico, como recentemente o escritor Ruy Castro lembrou em um artigo recente. “O livro se sentirá em casa aqui”, escreveu, lembrando que a Bienal do Livro Rio será um ponto alto deste ano especial. Ele tem razão, mas vale reforçar a existência e importância de tantos outros eventos em torno do livro com o mesmo propósito de estimular a leitura.

Celebremos, então, o livro e toda a sua capacidade de nos mobilizar e de nos transformar em pessoas melhores, em uma sociedade melhor. Certamente, com ele, estamos no caminho certo, com uma Bienal como nunca se viu.

Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/05/11/artigo-em-ano-de-rio-capital-mundial-do-livro-a-maior-e-mais-incrivel-bienal-de-todos-os-tempos.ghtml

12/05/2025