
O Brasil de amanhã
Nunca o Judiciário abordara de maneira tão límpida e justa a questão da interrupção voluntária da gravidez.
Nunca o Judiciário abordara de maneira tão límpida e justa a questão da interrupção voluntária da gravidez.
A calada da noite é hora propícia para uma boa trapaça. Parece que houve quem sentisse saudade de Eduardo Cunha.
O dia político ontem girou em torno do (ainda?) presidente do Senado Renan Calheiros, assim como terminara a quarta-feira, com a tentativa desesperada do mesmo Calheiros de aprovar a toque de caixa um pedido de urgência para analisar as medidas de combate à corrupção que a Câmara desfigurara na madrugada anterior.
A ficha parece que está caindo, depois de uma madrugada insana em que deputados tramaram o constrangimento da atuação da Justiça como se estivessem aprovando medidas contra a corrupção. Um acintoso golpe parlamentar de retaliação, uma auto-proteção inaceitável.
Ele revelou que não ia ao cinema havia dez anos, dormia quatro horas e lia muito, inclusive Shakespeare. Não jantava e às 3h comia qualquer coisa.
É um sinal dos tempos bicudos que vivemos a manifestação de ontem em frente ao Congresso ter sido contra a PEC do teto de gastos, e não contra a tentativa de anistiar o caixa 2 eleitoral.
A Flinksampa, evento idealizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares e pela ONG Afrobrás, ganha, a cada edição, mais força e visibilidade para colocar em prática aquilo que motivou a sua criação. Este ano, com o lema “Eu quero liberdade”, fez referência ao direito do negro à liberdade física, de expressão individual e coletiva, de exercer qualquer trabalho ou profissão.
Não há a menor possibilidade de o presidente Michel Temer vir a ser impedido pelo Congresso por causa do caso do apartamento do ex-ministro Gedel Vieira Lima, mas ele precisa urgentemente, se é que pode, se livrar das amarras que o prendem a seus companheiros de longa viagem do PMDB.
Não sei se é verdade que os índios pintam o corpo todo quando entram em guerra com tribos inimigas. Como geralmente vivem nus, há espaço suficiente para expressar na própria pele os motivos de qualquer briga. Com os últimos lances na política nacional, que envolve grandes empresas e a totalidade da mídia, quase todo mundo já se pintou para a guerra que estamos vivendo.
Se a vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, sob certos aspectos, foi uma surpresa, sob outros resulta coerente com determinadas mudanças verificadas nas últimas décadas na realidade contemporânea a partir do fim do sistema soviético.
Em toda guerra a primeira vítima é a verdade. Tudo indica que essa vítima já caiu, e sua queda ajuda a armar os espíritos.
Pense em um deputado, senador, ministro, ex-ministro, presidente, ex-presidente, e ele pode estar nessa ‘blacklist’. A sensação é de que quase ninguém está a salvo
Manutenção do ministro no cargo funciona como um aviso para os que ficam: quando ele ‘ponderar’, é melhor concordar.
Podemos garantir que a extinção da Secretaria estadual de Cultura não representa nenhuma economia apreciável.
Uma onda de insânia, um tsunami moral e financeiro fizeram o Rio de Janeiro dar um tiro no próprio pé. Depois do sucesso indiscutível da Olimpíada (sucesso efêmero, mesmo assim grandioso), a cidade, que continua sendo a capital cultural do Brasil, cantada por gregos e troianos como a mais maravilhosa do mundo em sua parte panorâmica, está amargando os piores momentos da sua história, o inverno de nosso descontentamento ("The winter of our discontent"), que já se transformou num inferno de nossa vergonha.