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Artigos

  • Prato frio

    O Prêmio Nobel de Literatura sempre foi mais polêmico pelos autores que não o receberam do que pelos que o receberam -fora os casos dos que o recusaram, Pasternak, por imposição dos soviéticos, e Sartre, para marcar uma posição anticapitalista. Assim, ficam de fora de sua fileira muitos grandes nomes: Kafka, Proust, Joyce, Valéry, Ibsen, mais perto de nós, Onetti e Cortázar, e, em nossa casa, Drummond e Jorge Amado.

  • Tempo presente

    Estou, ultimamente, certo de que um fenômeno está surgindo no mundo atual: a compressão do tempo. Ele está cada vez mais chato e achatado. Parece que a cada dia fica mais curto.

  • O bicho do Oriente

    Não sei por que associação de ideias, ao olhar e meditar sobre o imbróglio em que se meteram os Estados Unidos nas guerras do Oriente Médio, me veio à cabeça o "Manual de Zoologia Fantástica", de Jorge Luis Borges, livro em que repassa uma visão poética na construção dos animais imaginados, mistura de todos os que vivem com os que foram criados pela mitologia. Ele os compara ao que pensa um menino quando pela primeira vez freqüenta um zoológico e vê águias, girafas, bisões. Tudo aquilo tem uma aparência de fantástico e de misterioso.

  • Um poeta esquecido

    As editoras brasileiras estão todas cooptadas pela força da globalização. Nossos escritores estão esquecidos e os enlatados ocuparam seus lugares. Nas listas de livros mais vendidos é raro encontrar um autor brasileiro. Eu sempre dizia que a juventude não conhecia José Lins do Rego. Há muitos anos não era editado. Felizmente, aproveitando seu centenário, a José Olympio acaba de editar sua obra.

  • Língua e ferrovia

    Quando, em 1988, visitei Angola e conversei bastante com o presidente José Eduardo dos Santos, a guerra civil estava num dos seus piores momentos. Falamos, sobretudo, sobre o modelo atrasado e retrógrado da administração portuguesa. O presidente angolano pensava em fortificar e desenvolver as línguas tribais com o objetivo de extirpar o português. Fi-lo ver que a nossa experiência fora diferente. Aqui o português matou os dialetos, sobrepôs-se ao nheengatu, a língua geral, e serviu para consolidar a unidade nacional. Assim, dizia eu ao presidente angolano, se os portugueses pouco deixaram em Angola, deixaram a língua, que a nova nação deveria utilizar para tirar todos os proveitos políticos, a unidade nacional e como instrumento para a educação e inserção no mundo com seus 400 milhões de falantes de português.

  • A visita de Obama

    Os oito anos de governo do presidente Lula marcaram um novo tempo na História do Brasil. Ao feito de um operário ter atingido a Presidência da República, finalizando um processo em que todas as classes tiveram a oportunidade de dirigir o país. Lula somou o grande sucesso econômico e social de seu governo. Este sucesso, por sua vez, impulsionado por sua capacidade de diálogo e habilidade de negociação, levou o Brasil a mn novo protagonismo no cenário político internacional.

  • A vez da África

    Com o término da 2ª Guerra Mundial, o mundo passou por uma fase de grandes transformações, das maiores da História, com a descolonização da África. Começou com a Líbia e o Egito e foi até à década de 70, com as colônias portuguesas. Mas os grupos de libertação viraram ditaduras. De democracia, nem falar. Agora as coisas começam a mudar.

  • A África 2

    Na semana passada dividi com meus leitores uma mediação sobre a África, esse coninente tão sofredor, onde o homem nasceu e transformou-se, na expressão de Hobbes, no seu próprio lobo.

  • 2010 versus 2011

    O clima político em 2010 foi contaminado pela disputa eleitoral, num ano em que se escolhiam presidente, governadores e parlamentares. Aplicou-se a máxima de Lenine, de que o adversário é um inimigo a destruir. Isto repercutiu sobre toda a sociedade, afetando sobretudo o trabalho no Congresso Nacional, que se afastou das grandes reformas necessárias.

  • Netas de Tiradentes

    Fiquei com pena de Tiradentes. De repente está passando à história como sugador da nação. Tinha tantos privilégios que até hoje transmite a quatro trinetos pensões de dois salários mínimos. Não temos realmente o gosto de fazer justiça. O maior de todos os heróis brasileiros não pode ser alvo de notícias que podem levar a conclusões erradas.

  • Uns tirinhos no Egito

    Neste mundo globalizado, de informação em tempo real, o contágio e a imitação fazem com que nada fique isolado e tudo se propague, se expanda como um rastilho de fogo. A internet livre e sem fronteiras fez com que o desejo de sacudir o jugo dos domínios partisse da Tunísia para Egito, Argélia, Jordânia, Barein, lêmen e agora Líbia. Não sendo profeta, apenas vejo que a Arábia Saudita é a próxima vítima ou protagonista.

  • O fogo se espalha

    "A ideia da liberdade não morre nunca" - esta frase foi do herói grego Leônidas, que, mesmo morto, indagado pelo seu inimigo Xerxes, disse esta eterna verdade. Oriente Médio, Golfo Pérsico, Mar Vermelho, Mediterrâneo - diga-se Egito, Líbia, Iêmen, Tunísia, Argélia, Bahrein, Marrocos - há muito tempo preocupam o Ocidente.

  • Eu não morri

    A frase do título foi do meu conterrâneo Gonçalves Dias, quando, naquele tempo da navegação à vela, em que as notícias iam pelo vento, os jornais do Rio de Janeiro noticiaram a sua morte.

  • Maracujá de época

    Descartes, o mais notório dos filósofos que defenderam a "dualidade substancial", isto é, que os homens possuem o corpo e a alma totalmente independentes, um e outra separados, certamente nunca viu nem podia ver um Carnaval brasileiro. É uma festa popular -e demonstrativa de que não há separação alguma.