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Artigos

  • Dois centenários

    Todos os anos há uma série de centenários que merecem ser comemorados. Tivemos o de Macha­do de Assis e o de Euclides da Cunha. Agora, em 2010, já estamos lembrando outro gigante de nossa história, o pernambucano Joaquim Nabuco, que atuou na diplomacia do Império e da República, foi fundador, com Lúcio Mendonça e Machado, da Academia Brasileira de Letras e marcou um dos momentos mais brilhantes de nossas relações exteriores, ao lado de Rio Branco e Ruy Barbosa.

  • Comícios e coincidências

    Sem poder mudar a lei eleitoral e muito menos o calendário civil, Lula entrou feroz e jucundo na campanha que só deveria começar em abril. Na semana que passou, inaugurando obra em Minas Gerais, só faltou convocar o Zeca Pagodinho para esquentar a cerimônia que se transformou num comício.

  • Romeu e Julieta

    A historinha aconteceu com amiga minha. É verdadeira, tão verdadeira que terei de disfarçar para contar o milagre sem mencionar o santo. Digamos que ela se chama Lígia, é atriz de sucesso, casou-se aos 26 anos, separou-se e engatou caso com um colega de profissão, ator bastante conhecido, dez anos mais velho. Até aí, uma história banal, sem nada de extraordinário.

  • No campo de centeio

    Um jovem de 17 anos, de família rica, aluno de um colégio para a classe abastada, leva bomba em quase todas as matérias e tem de voltar para casa. Antes, questiona sua existência até então. Conversa com um ex-professor, a irmã, a namorada, procurando um sentido para tudo o que viveu, e chega à conclusão de que não há conclusão, o jeito é voltar para a casa do pai, que é diretor de uma companhia.

  • Viver custa caro

    Nos planos de Deus, a vida seria de graça. Mas, depois daquela história da maçã, o homem foi condenado a comer o pão regado com o suor do rosto. E a mulher, a parir seus filhos com dor. Tanto o parto como o pão custam caro. Poderiam ser mais baratos, mas a engrenagem social também custa caro, o ginecologista cobra e o padeiro também cobra. E todos acabam pagando.

  • Flor do asfalto

    Uma opinião pessoal, sujeita a chuvas, trovoadas e enchentes como as de São Paulo. Ou piores, porque estanques na memória estagnada do menino que fui sem nunca ter sido realmente um menino. Acho que o mundo era outro. Ao cair da tarde, acendia-se a primeira lâmpada da casa. Minha madrinha era a primeira a saudar a luz que iluminaria o nosso jantar: “Boa noite!” E todos se cumprimentavam, como se estivessem chegando de uma jornada que ficara para trás.

  • Matéria de memória

    Recebo da editora as provas para a sexta edição de um romance antigo, escrito e publicado pela primeira vez em 1963. Posso ainda fazer alterações, mas me limito a suprimir alguns advérbios de modo e a alterar uma ou outra pontuação. Machado de Assis fazia melhor, mudava parágrafos inteiros, como confessa na terceira edição de "Brás Cubas".

  • Bandeira branca

    O Carnaval está chegando e, com ele, aquela trégua provisória em nosso cotidiano, mesmo para aqueles que esnobam ou detestam o que por aí chamam de "folia". A vantagem destes últimos é que não precisam fazer nada a não ser deixar o Carnaval passar. E ele passa, inexoravelmente passa, como passam todas as coisas boas e más do mundo, até mesmo as mais ou menos.

  • Evoé Momo!

    De uns tempos para cá, as festas coletivas estão ficando cada vez mais misturadas. Natal, Carnaval, Sexta-Feira Santa. Pouco a pouco, se reduzem a feriados que servem para encompridar o final de semana, todos se sentem obrigados a aproveitar de seu modo ou de modo nenhum. Aí pelo interior, no mais fundo do país e do homem, devem boiar algumas ilhas isoladas de tradição, mas nos grandes centros (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte) a festa se resume mesmo na festa e no feriado, às vezes nem lembramos o que estamos comemorando.

  • Mil palhaços no salão

    Num dos flashes da TV, vi um cidadão baiano, de seus 35 a 40 anos, forte, alegre, declarar que trocara as férias para ter o direito de passar os quatro dias de plantão na Praça Castro Alves, pulando atrás (e à frente e aos lados) de todos os trios elétricos que passavam. Alimentação desses quatro dias: cerveja e acarajé. Descanso: no intervalo de um trio e outro, o cara deitava em qualquer canto e dormia, com o luminoso sol da Bahia abençoando sua carne fatigada e seus sonhos de folião.

  • Adeus à carne

    Mário Filho, que deu nome ao estádio do Maracanã, desejava escrever um romance cujo título seria 1919. Durante toda a sua vida falava deste projeto: a história do carnaval daquele ano, quando o Rio, vencida a batalha contra a gripe espanhola, que matou carioca a esmo, esbaldou-se numa folia que provocou, segundo assentamentos policiais, mais de 2.000 defloramentos.

  • Biografia da Moça

    Com 20 anos, era esposa de um ciclista búlgaro e viúva de um fabricante de cosméticos. Tinha muito dinheiro e era bonita, ao contrário do ciclista, que era pobre, feio, mas campeão da Europa.

  • Cinema e saúde

    Considerado hoje como a sétima arte, o cinema teve origem mais modesta, quando foram projetadas, na parede de um prédio em Paris, algumas cenas da chegada de um trem a Vincennes. Pouco depois, outras cenas documentais foram exibidas: a entrada de operários numa fábrica e um sujeito fazendo ginástica no jardim de sua casa.

  • Contradições de um gigante

    Na mesma medida em que o poder tecnológico e econômico dos Estados Unidos não pode ser contestado, aumentam a cada década, e agora quase a cada dia, dúvidas sobre a sua eficiência política e, sobretudo, sobre a moralidade de seus interesses.

  • O pão e o circo

    Continuo desmotivado em matéria de eleições, inclusive a sucessão presidencial. Acho sacais as entrevistas, análises e pesquisas que entopem os chamados veículos de comunicação: TV, jornais e revistas. E agora a internet. Uns pelos outros, dão mais palpites do que informações.