Ao longo de 55 anos, entre 1962 e 2017, sem interrupções, Eduardo Portella editou e dirigiu a Revista, que se tornou desde logo marco na vida intelectual do país.
Pela iniciativa generosa da dra. Célia Portella, viúva do acadêmico Eduardo Portella, que escreveu a apresentação da coleção, a ABL pode assim disponibilizar ao público toda a coleção da Revista, fisicamente, na sua Biblioteca Rodolfo Garcia e virtualmente, no seu site.
São absolutamente desnecessários adjetivos para caracterizar o significado da Revista Tempo Brasileiro para um grande espectro da atividade cultural no país, pois sua temática espraiou-se, transpondo fronteiras metodológicas e demarcações, para terrenos tão distintos quanto filosofia, literatura, história, antropologia, sociologia, psicologia e ainda outros, permitindo aquilatar a recepção no Brasil dos grandes temas que balizaram a crítica, a epistemologia e a estética do mundo contemporâneo.
Esse manancial encontra-se agora disponível aos interessados. Não apenas disponível, mas efetivamente acessível. Lembremos da pungente lamentação de T. S. Eliot na peça The Rock, quando indaga onde estava a sabedoria, que perdemos com o conhecimento e o conhecimento que perdemos com a informação. Sem tocar na questão ontológica que suscita, recorde-se apenas que sabemos hoje, mais do que na década de 1930 quando o poeta a formulou, que estamos soterrados pela informação, e que precisamos de instrumentos seguros para ascender dela ao conhecimento.
O passo inicial para isso, no caso da Tempo Brasileiro, já foi dado: os textos, digitalizados, estão no ar, assim como sua indexação, dentro das normas técnicas usuais, de modo que disporemos dos índices por autor, título e assunto, para facilitar o acesso ao consulente. Sem tais instrumentos, a pesquisa no imenso acervo da Revista demandaria esforços isolados, repetitivos e sobretudo demorados.
A direção das Bibliotecas Lúcio de Mendonça e Rodolfo Garcia, da ABL, reitera assim o agradecimento à dra. Célia Portella, cujo gesto mais uma vez honra a contribuição e o legado de Eduardo Portella à Casa de Machado de Assis.