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O mundo e a fome

 

Mais alguns dias e Dilma Rousseff estará completando o primeiro ano de governo. É cedo ainda para uma perspectiva crítica, mas tempo bastante para alguns comentários.

Que muito trabalha, é verdade. Quase todos os dias, ela preside alguma cerimônia, assina isso e aquilo, trata dos idosos, das crianças, das florestas, da educação e da saúde. Mas a maior parte de seu expediente parece ser a tal faxina que não termina nunca, a política menor de cargos e comissões para consolidar sua base no Congresso e na mídia.

No fundo, é como se ela ainda não tivesse tomado posse. Nada fez de reprovável até agora, mas de positivo só temos intenções, as melhores possíveis, uma vez que já estão estabelecidas na Constituição.

Segundo os entendidos, entre os quais não me incluo, a situação do Brasil é boa, quase ótima diante das crises que ameaçam o mundo.

Em breve, se não estou enganado, seremos nove bilhões de habitantes neste planeta tão ameaçado, havendo nessa contabilidade mais de um bilhão de famintos.

O Brasil, que tem potencialmente a China como sua maior parceira, precisa produzir mais, principalmente no setor agrícola. Seria a hora não para uma simples reforma, mas para uma revolução agrária, na qual estaria embutida a reforma.

O sonho de JK era fazer na agricultura o mesmo que fizera no setor da industrialização e da infraestrutura. A história impediu que ele voltasse ao poder, mas já tinha estruturado um programa de metas para executar, metas concretas, com prazos e recursos que, bem empregados, poderiam transformar o país numa potência agrária.

Dilma dá tiros em várias direções, inclusive no social, que é importante, mas falta-lhe um eixo de atuação muito além da faxina prometida e ainda não concluída.

Folha de São Paulo, 6/12/2011