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Tudo se repete

 

Pode ser mais uma ficção política. Mas que houve precedentes, houve. Nos anos 30 do século 20, apareceu um "Plano Cohen" que detalhava a estratégia e a tática para os comunistas tomarem o poder aqui no Brasil. Era um plano falso, elaborado por um então capitão integralista (Olímpio Mourão Filho), que serviu de pretexto para o golpe de 1937, inaugurando a ditadura do Estado Novo.

Antes, houve outro documento falso mais importante -os "Protocolos dos Sábios de Sião"-, que motivou o antissemitismo em escala mundial e deu ao nazismo um argumento poderoso que resultou no Holocausto de 6 milhões de judeus. Ao lado do Tratado de Versalhes (este pelo menos era verdadeiro), serviu para Hitler querer exterminar todos os judeus do mundo -que, secretamente, tinham a intenção de dominar a economia, as armas, a cultura, a política etc., eliminando todas as outras raças.

Atualmente, começam a surgir livros e filmes (aliás, bem produzidos) que revelam uma conspiração dos anglo-saxões para o mesmo fim: dominar o mundo e subjugar as outras raças, mantendo-as apenas para tarefas braçais, serviços domésticos etc.

O negócio está ainda em fase de conspiração. A ponta do iceberg aparece nas recentes jogadas dos Estados Unidos e da Inglaterra, ainda em forma impessoal, cujos pontos visíveis foram os dois Bush, Clinton, Tony Blair, banqueiros e industriais submersos, a começar pela segunda e definitiva invasão do Iraque.

Latinos, eslavos, asiáticos e africanos, em geral, não teriam direito nem competência para gerir o mundo e administrar a humanidade, privilégio que somente anglo-saxões e seus parentes mais próximos teriam. No pacote, em lugar preferencial, o combate ao terrorismo num vale-tudo universal e permanente.

Folha de São Paulo, 31/7/2012