Mais de cem autores, políticos e representantes de diversos campos do mundo literário e editorial, se reuniram, nesta quarta-feira (23), no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro em um evento que abriu o ano da cidade como Capital Mundial do Livro.
O título é dado pela Unesco —a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura— a cidades reconhecidas por seu patrimônio literário. É a primeira vez que uma cidade de língua portuguesa recebe a honraria.
Além de eventos tradicionais como a Bienal do Livro, será a primeira vez em que o Prêmio Jabuti será sediado na cidade. A premiação também terá pela primeira vez uma categoria reconhecendo políticas públicas de incentivo à leitura.
Haverá ainda ações com comunidades e escolas, "viradões" literários, bibliotecas e livrarias abertas até mais tarde, distribuição itinerante de livros pela cidade, entre outras iniciativas e políticas de fomento à literatura, como a que prevê formação de jovens para o mercado editorial.
"São mais de 40 projetos, entre eventos, programas e políticas públicas. Muitos deles têm a ver com descentralização das experiências de leitura, como leituras mediadas nas zonas norte e oeste, e a publicação de autores cariocas que ainda não foram publicados", disse secretário municipal de Cultura Lucas Padilha.
Entre encenações, leituras, músicas e vídeos, o público viu desfilar à sua frente imagens do Rio antigo e de escritores que fizeram parte de sua história, de Machado de Assis e Manuel Bandeira até nomes contemporâneos, como Itamar Vieira Junior e Conceição Evaristo —esta também presente na plateia.
Ainda houve espaço para homenagens a perdas recentes, como as de Antonio Cicero, Cacá Diegues e Heloísa Teixeira.
O prefeito Eduardo Paes recebeu a chave simbólica das mãos de Jeanne Barseghian, prefeita de Estrasburgo, cidade que carregou o título no ano passado. "A honra é mais que um prêmio, é um compromisso que assumimos, de apoiar os atores locais, fortalecer o setor editorial e alimentar as livrarias. Todo lugar deve ter livros, leitores e oportunidades de leitura", disse Paes.
Isabel de Paula, coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, ressaltou a importância de ter, pela primeira vez, uma capital latino-americana com o título, e diz que a escolha do Rio de Janeiro, "um celeiro grande de escritores", era algo já esperado.
"Em 2023, a cidade passou a integrar a rede de cidades criativas da Unesco, o que demonstra o quanto ela é focada no desenvolvimento da literatura e como ela está realmente comprometida com a cadeia produtiva do livro, que envolve geração de renda e de emprego para muita gente", afirmou ela.
Na semana retrasada, o Paes já havia assinado, com a ministra da Cultura Margareth Menezes, um protocolo de intenções para fomento do livro e da leitura na cidade, junto do calendário oficial.
No palco do evento desta quarta, o ator Thiago Lacerda evocou o afeto ao Rio citando Carlos Drummond de Andrade —"No mar estava escrita a cidade"—, enquanto o humorista Gregorio Duvivier fez rir ao dizer que "todo carioca parece um personagem".
Já Elisa Lucinda comoveu com um depoimento."No dia do meu casamento, meu pai me deu uma máquina de escrever", disse. "Junto com esta máquina, me deu estrutura de passado, futuro e poder. O livro é a segunda abolição, é a nossa abolição".
O tom de festa se somou ao feriado carioca do Dia de São Jorge, com o vermelho ocupando o palco na apresentação da cantora Fernanda Abreu.
Matéria na íntegra: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/04/rio-de-janeiro-sediara-o-premio-jabuti-entre-acoes-como-capital-mundial-do-livro.shtml
24/04/2025