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O mercado eleitoral

 

Mais alguns dias e teremos o grande espetáculo da propaganda eleitoral dos candidatos a prefeito e vereador. Mais uma vez será a "finest hour" dos marqueteiros de todos tamanhos, feitios e intenções. Os candidatos e, pior do que os candidatos, os programas e idéias, serão vendidos como os refrigerantes, as cervejas, os eletrodomésticos. Quem anunciar mais e melhor terá maiores chances de se eleger.


Trata-se de uma regra do mercado, e não há diferença substancial entre mercado comercial e mercado eleitoral. Tudo é mercado. E tudo seria natural se a concorrência entre os produtos ficasse limitada aos planos e projetos de cada candidato a prefeito ou a vereador. Uns pelos outros, devem ser razoáveis, até mesmo bons.


Grande massa do eleitorado aguarda as mensagens dos candidatos com isenção, pretendendo escolher o melhor da oferta que lhe será feita, mesmo sabendo que a campanha oficial beneficiará partidos e candidatos que terão mais dinheiro para investir na busca de votos.


Não há limite para a gastança, a simples contratação de um marqueteiro cinco estrelas explodirá qualquer orçamento partidário ou pessoal. Todos sabemos que despesas de eleições passadas ainda não foram pagas e dificilmente o serão -o que aumentará o preço dos serviços, que contarão com uma verba cautelar que compense o risco de um beiço.


O mercado é livre, e não adianta chiar. Aqui no Rio, por exemplo, há um candidato que sempre se elege com boa votação. É um excelente sujeito, de boa pecúnia. Acontece que já vi, ao longo da vida, um sujeito que andou em disco voador, foi até Marte e voltou, trouxe até uma pedra vermelha que prova sua viagem. Um primo meu já viu Santa Terezinha nuns bambuais. Mas nem o primo nem eu jamais vimos um eleitor desse candidato.


 


Folha de São Paulo (São Paulo - SP) 15/07/2004

Folha de São Paulo (São Paulo - SP), 15/07/2004