O Rio de Janeiro recebeu, na manhã desta quarta-feira (23), o título de Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco. É a primeira vez que uma cidade de língua portuguesa faz parte da iniciativa pela promoção da leitura. A cerimônia aconteceu no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, no Centro da capital fluminense.
A celebração dá início a uma série de eventos que têm como foco estimular a leitura. O Rio de Janeiro recebeu a honraria das mãos da cidade de Estrasburgo, na França. A prefeita Jeanne Barseghian veio ao município para a cerimônia.
O prefeito Eduardo Paes falou sobre a relação da cidade com a literatura.
“O Rio é a primeira cidade de língua portuguesa a assumir esse papel. Tem o fato de ter sido capital do império português, o que deixa na cidade o Real Gabinete Português de Leitura, a Biblioteca Nacional, tem a Academia Brasileira de Letras e os grandes escritores brasileiros sediados no Rio. É um ano para celebrar e criar o hábito da leitura”, disse o prefeito.
Isabel de Paula, coordenadora de cultura da Unesco, contou que a candidatura da cidade se destacou.
"O Rio apresentou uma programação, um plano com atividades que envolvem feiras literárias e outras ações que são muito importantes para o fomento. Não só o trabalho nas escolas, mas o trabalho de inclusão social, desenvolvimento humano e social, mas também o aspecto econômico porque o livro e a leitura integram uma cadeia produtiva importante da economia criativa."
O evento contou com textos de mestres da literatura que fizeram do Rio de Janeiro seu lar. O ator Thiago Lacerda lembrou Carlos Drummond de Andrade. Ferreira Gullar, Ruy Castro, Vinícius de Moraes e outros nomes também ganharam destaque.
O ator Gregório Duvivier mencionou os personagens e lugares na cidade que dedicados à leitura. A atriz Elisa Lucinda declamou poemas de Antônio Vieira à Cecília Meireles.
Democratização da leitura
A escritora Conceição Evaristo destacou que o principal papel do título é fazer com que os livros cheguem a mais cidadãos.
“Eu acho que nos coloca no centro do mundo em relação à literatura. Para mim, é um grande momento. Inclusive pelo fato de ser uma escritora negra e ter essa visibilidade no campo da literatura, o que é raro para as mulheres negras. Eu acredito que o Rio de Janeiro vá aproveitar essa oportunidade para que o livro seja um produto cultural democrático”, afirmou Conceição Evaristo.
Ano que vem, o Rio de Janeiro entregará o título para Rabat, no Marrocos. Mesmo após o fim do mandato, a capital fluminense passa a fazer parte de uma rede de cidades que assumem o compromisso de estimular a leitura.
Alguns dos eventos previstos para o ano foram anunciados no começo do mês, quando a marca do Rio Capital Mundial do Livro foi lançada, assim como o slogan “O Rio de Janeiro continua lendo”.
O início da agenda internacional do evento aconteceu na Academia de Ciências de Lisboa, onde obras clássicas e contemporâneas de países de língua portuguesas foram reunidas em uma caixa. A iniciativa simboliza o apoio de Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Timor-Leste ao Rio de Janeiro.
Matéria na íntegra: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/04/23/rio-recebe-titulo-de-capital-mundial-do-livro.ghtml
24/04/2025