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Crise no ar

 

Usuário do transporte aéreo, já tive medo dos aviões, mas em tempos idos. Viajando todas as semanas num deles, o hábito e o cansaço venceram o medo.


Hoje, temo os aeroportos, sobretudo os internacionais, que estão cada dia mais complicados. Lembro o espanto quando tomei o metrô interno do aeroporto de Atlanta. Agora, os mais importantes aeroportos têm metrô ou transportes equivalentes, complicando o que já era complicado.


Quando leio os cadernos de economia, sinto um frio, não sei se na barriga, na espinha ou na alma. Seja onde for que se localize o medo, sinto este arrepio quando tomo conhecimento de que as principais companhias aéreas estão em regime falimentar, devendo a Deus e ao Diabo desde a alma que tudo vale até os amendoins servidos com os aperitivos, que pouco ou nada valem, ao menos para mim, que não aprecio amendoim.


O usuário tende a confiar no equipamento, na tripulação, na companhia em que voa. Mas sabe que os salários estão atrasados ou defasados, que as dívidas em dólar são astronômicas e que o Governo não socorre as empresas que exploram o tráfego aéreo com a mesma prioridade com que socorre os bancos.


Como as pesquisas eleitorais, posso estar errado para mais ou para menos, mas enquanto o combustível de uma empresa norte-americana representa 9% do orçamento global, o mesmo combustível, taxado em dólar, representa 48% do custo total para as empresas brasileiras.


E o combustível, sendo talvez o item mais importante, não é o único que depende do dólar e do mercado internacional. Um parafuso, uma lâmpada de emergência, a manutenção, o serviço em terra - tudo custa os olhos da cara.


Volta e meia, lemos que uma associação dos pilotos entra na Justiça pedindo a falência das empresas em que trabalham. E aí? Como usuário, sem poder pedir falência de ninguém, só me resta pedir a eficiente assistência de Santo Antônio.




Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 08/08/2002

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, 08/08/2002