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Golpe de Estado

 

Quincas, o general-de-brigada Joaquim Osório de Lima, herói de 1937, quando conseguiu tomar a cantina da Faculdade Nacional de Direito -onde dois estudantes, depois de uma passeata de rua, haviam se escondido-, estava ao telefone e comunicava que a coisa ia para as cabeceiras. Vestiu a farda e foi para o quartel botar a tropa na rua.




A tropa saiu à rua, houve dúvidas em seu estado-maior se a banda de música deveria também sair à rua -o jeito foi sair sem banda. Os soldados deixaram o quartel, deram uma volta pelo Campo de São Cristóvão, houve um "alto" para o coronel consultar mapas e saber que direção tomar. Conseguiram chegar ao cruzamento da avenida Presidente Vargas, onde ficaram sem saber se desciam para a Tijuca ou se subiam para o centro da cidade.




Estabeleceu seu QG em cima de um posto de gasolina e ordenou que localizassem o Quincas, mas ninguém sabia onde estava ninguém, até que o rádio anunciou que a revolução terminara. Comandou seus homens de volta ao quartel, mas, quando se aproximava de São Cristóvão, viu, em sentido contrário, um regimento vizinho que marchava também, com garbo.




E agora? Quem tinha ganho a revolução? Enquanto procurava inspiração para resolver o problema, seus homens cruzaram com os homens da tropa vizinha, cada qual olhando para a frente, sem tomar conhecimento da tropa do lado. Então ele tomou a iniciativa de não fazer nada. Quando cruzou com o outro comandante -um coronel gordo, que ele sabia apenas se chamar Aristarco- trocou a continência regulamentar. Teve tempo de perceber que também o outro não sabia quem tinha ganho de quem.




No dia seguinte, nos jornais, soube que era um herói, arriscara a vida pela união dos brasileiros e pela integridade do território nacional.


 


Folha de São Paulo (São Paulo) 24/06/2006