
A Bolívia e seus demônios
Quando, em 1985, encontrei-me com o presidente Reagan, durante visita oficial a Washington, depois de discutirmos problemas bilaterais, disse-lhe que não desejaria encerrar nosso encontro sem falar um pouco sobre a Bolívia. Era um país sofrido, cujas riquezas se exauriam e, no seu balanço de recursos naturais e estabilidade, poderia tornar-se problemático. A Bolívia necessita de uma atenção sem retórica, rigorosamente especial por parte da comunidade internacional. Suas cicatrizes históricas e algumas revoltantes injustiças criaram um caldo de cultura e justificados ressentimentos. Acrescentei -naquela época em que as guerrilhas estavam em moda- que a desestabilização da Bolívia teria repercussões em toda a América do Sul. Certamente pensando na geopolítica foi que Che Guevara escolhera aquele país para testar seu heróico misticismo revolucionário.