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Artigos

  • Urubus assassinos

    Deus é testemunha de que nada tenho contra os urubus. Gostar mesmo, não gosto. Desde Augusto dos Anjos que eles gozam a fama de azarar a vida dos outros. "Um urubu pousou na minha sorte" é um dos versos mais conhecidos da poética nacional e deve ser citado todos os dias, em contextos diversos.

  • Dilma entra em campo

    Dilma pode tudo, menos reclamar de uma herança maldita —como em geral fazem os governantes que substituem outros, Embora os oito anos de Lula não tenham sido a maravilha curativa que alguns apregoam — e o próprio Lula é o primeiro e o mais entusiasta em proclamar a idade de ouro que deu ao Brasil— o fato é que Dilma faz parte das bem-aventuranças que rolaram na mídia e em especial na TV.

  • A esquina e o compasso

    Sempre que penso na vida dos outros e na minha própria procuro descobrir onde, quando e por que dobramos a esquina errada. A comparação procede. Estamos num trecho da cidade e queremos ir para um lado. Tudo se simplifica então: dobramos à esquerda ou à direita? É evidente que acertamos na maioria das vezes, mas erramos em outras.

  • O barro e o macaco

    Toda vez que me olho no espelho tenho vontade de perguntar a não sei quem: "Afinal, de onde vim, do barro ou do macaco?" Uma alternativa pouco agradável, mas veraz. Vim do barro, tal como o Gênesis me informa? Ou vim do macaco, que Darwin descobriu entre os meus principais ascendentes?

  • De cabeças e cabeçadas

    Afirmam os compêndios e os moralistas que a cabeça é a parte nobre do corpo humano. Tenho algumas dúvidas olhando minha própria cabeça e principalmente olhando certas cabeças que por aí circulam.

  • Pacto infernal

    Recebo e-mail acusando-me de ter vendido a alma ao demônio. Fausto subdesenvolvido que não desejava recuperar a mocidade para conquistar Margarida, mas garoto guloso que desejava uma torta de banana, episódio que está narrado com detalhes no meu primeiro romance.

  • O Satã de plantão

    Afirmam os entendidos que não se pode nem se deve viver sem inimigos. São necessários à firmeza de nossas convicções e eficiência de nossos atos. Mesmo na metafísica há necessidade de contrários: após a Criação, o próprio Deus descolou um adversário, na pessoa do seu anjo predileto, que era Lúcifer. Daí até Obama e o presidente do Irã foi um passo.

  • Navegar é preciso

    Acredito que não estou em erro: dos 37 ministros do atual governo, a maioria dos brasileiros (e brasileiras) não sabe o nome e os atributos de uns 30 novos titulares das principais pastas. Em princípio, isso não quer dizer nada. Presume-se que Dilma os conheça bem e neles confie.

  • DNA das tragédias

    Todas as vezes em que ocorrem tragédias naturais, como a erupção do Vesúvio, em 79, o terremoto de Lisboa, em 1755, o de São Francisco, em 1906 (estou citando os mais espetaculares), e mais recentemente o do Haiti, cria-se uma oportunidade para se indagar não se sabe a quem: "E Deus? O que tem Deus a ver com isso?"

  • Pés frios

    Tudo neste mundo é mais ou menos inexplicável. A fama de pés frios, contudo, é de uma clareza matemática, diria até, usando do mau gosto, de uma clareza de sol meridional.

  • “Morram os vivos”

    “Venhamos ao presente. O presente é a chuva que cai, menos que em Petrópolis, onde parece que o dilúvio arrasou tudo ou quase tudo, se devo crer nas notícias; mas eu creio em poucas coisas, leitor amigo. Creio em ti, e ainda assim é por um dever de cortesia, não sabendo quem sejas nem se mereces algum crédito. Suponhamos que sim. Creio em teu avô, uma vez que és seu neto, e se já é morto; creio ainda mais nele que em ti. Vivam os mortos!

  • Fadiga de material

    O homem se autoproclamou rei da criação. Nada contra: o homem é rei das pulgas e siris, que nunca chegaram à perfeição de fabricar videocassetes de quatro cabeças nem tesourinhas de unha. Semana passada, jornais do mundo inteiro deram um alerta sobre o aquecimento global da Terra, explicando a recente sucessão de desastres naturais, terremotos, erupções vulcânicas, furacões, tornados e enchentes: a terra treme, título por sinal de um antigo filme italiano.

  • Coisas nossas

    Está na berlinda a aposentadoria de alguns ex-governadores. Não sou entendido no assunto, acho que a Constituição Federal é omissa na matéria, o privilégio figura em algumas Constituições estaduais. Caberá ao STF decidir o problema. Leio que a OAB vai entrar com uma ação a propósito. Esperemos.

  • Um rosto na multidão

    Entre os atributos que Lula conquistou em seus oito anos de governo, ele se destacou não apenas pela taxa de aprovação popular, mas também por ter sido o presidente que mais tempo ocupou na mídia. Além do trivial que acompanha qualquer autoridade, ele dava a impressão de buscar câmeras e holofotes onde houvessem câmeras e holofotes. A crise atual que varreu a Tunísia e agora o Egito seria um excelente palco para ele se mostrar à plateia universal. Não chega a ser um defeito dele, é coisa de seu temperamento.

  • A dádiva do Nilo

    Em 25 de abril de 1979, eu estava no Cairo para cobrir o tratado de Paz entre Egito e Israel, que foi assinado em Umm Hashiba. O ministro da Defesa de Israel, Ezer Weizmam, e o equivalente egípcio, Kamal Hassan, apertaram-se as mãos, Israel cedeu o Sinai e o Egito prometeu mudar sua política de guerra contra Israel.