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ABL na mídia - Estadão - Milton Hatoum é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras; relembre a trajetória

 

O escritor Milton Hatoum, de 72 anos, foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). A eleição ocorreu na tarde desta quinta, 14, na sede da organização, no Rio de Janeiro. O autor amazonense agora ocupa a cadeira nº6, que pertencia a Cícero Sandroni, morto em 17 de junho.

Hatoum recebeu 33 votos, contra um a Antônio Campos. Também concorriam Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia.

Considerado um dos grandes nomes vivos da literatura brasileira, Hatoum é autor de nove livros de ficção, entre romances e contos, além de tradutor, professor e arquiteto. Ele foi colunista do Estadão entre 2008 e 2022, publicando crônicas sobre literatura e cidades.

Trajetória de Milton Hatoum

Hatoum nasceu em 19 de agosto de 1952, em Manaus, no Amazonas. Aos 19 anos, ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde fez parte do movimento estudantil e chegou a ser perseguido pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), da ditadura militar.

No início da década de 1980, ele morou na Espanha e na França. Publicou seu primeiro livro, Relato de um Certo Oriente, em 1989. A obra é centrada em uma família de origem libanesa - como a de Hatoum - vivendo em Manaus, e trata de temas como identidade, imigração e o choque cultural entre o Oriente e a Amazônia.

Milton Hatoum comemora 25 anos de literatura

Pelo livro, venceu seu primeiro Prêmio Jabuti, na categoria de melhor romance. Ele ganhou o prêmio novamente em 2001, por Dois Irmãos, e em 2006, por Cinzas do Norte. Ambos os livros também são ambientados em Manaus e ampliam a exploração de Hatoum sobre família, memória, desigualdade e política, entre outros temas que circulam sua obra.

Em outubro de 2025, o autor publicará o último livro da trilogia O Lugar Mais Sombrio, um drama familiar entrelaçado à história da ditadura militar em Brasília, nos anos 1960. A série é composta pelos livros A Noite da Espera (2017), Pontos de Fuga (2019) e Dança dos Enganos (2025).

O trabalho de Hatoum é celebrado internacionalmente: segundo a Companhia das Letras, que publicou a maior parte da obra do autor no Brasil, ele já vendeu mais de 500 mil exemplares em 17 países, entre França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha e México.

Em 2018, ele recebeu o prêmio Roger Caillois (Maison de l’Amérique Latine/Pen Club-França). No ano anterior, foi nomeado Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da República Francesa.

"O fim que se aproxima", por Milton Hatoum

Suas histórias também renderam adaptações para a TV e o cinema. Dois Irmãos deu origem à minissérie homônima da TV Globo, de 2017. Retrato de um Certo Oriente virou um filme lançado em 2024, Órfãos do Eldorado, de 2008, originou o longa de 2015, e O Adeus do Comandante, conto do livro A Cidade Ilhada (2009), inspirou O Rio do Desejo, de 2022.

Hatoum lecionou na Universidade de Taubaté e na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde, em 2023, recebeu o título de Doutor Honoris Causa. Também já foi professor visitante na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e em Sorbonne, na França.

Milton Hatoum fala sobre os 150 anos do ‘Estadão’

Novos imortais

Em abril, a jornalista e escritora Míriam Leitão foi eleita para a cadeira que pertenceu ao cineasta Cacá Diegues. No mês seguinte, a ABL elegeu o crítico literário e professor Paulo Henriques Britto à vaga deixada pela acadêmica e escritora Heloisa Teixeira, e o advogado e escritor José Roberto de Castro Neves à vaga de Marcos Vilaça.

Já no início de julho, Ana Maria Gonçalves fez história e foi eleita a primeira mulher negra na ABL. A autora do romance Um Defeito de Cor ocupa a vaga deixada pelo filólogo Evanildo Bechara.

Matéria na íntegra: https://www.estadao.com.br/cultura/literatura/milton-hatoum-e-eleito-imortal-da-academia-brasileira-de-letras-relembre-a-trajetoria-nprec/

14/08/2025