Sobre Antônio Cícero
Nascido no Rio de Janeiro, em 06 de outubro de 1945, Antônio Cícero Correia Lima é irmão mais velho de uma das maiores cantoras do nosso país, a também compositora, Marina Lima. E foi ao lado de Marina que Antonio compôs grande parte de suas canções, algumas imensos sucessos da MPB.
Piauiense, o pai dos artistas, Ewaldo Correia Lima, foi um dos intelectuais fundadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), tendo sido também diretor do BNDE durante o governo JK. Em 1960, Ewaldo assumiu um cargo executivo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e toda a família se transferiu para Washington, D.C.
Lá, Antonio Cicero fez seus estudos secundários. Nesta mesma época, sua irmã – 10 anos mais jovem – ganhou o seu primeiro violão, para sentir menos falta do Brasil enquanto estivesse morando nos EUA.
De volta ao Brasil, Antonio começou a cursar Filosofia, na PUC do Rio de Janeiro e, depois, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Em 1969, por conta da ditadura militar, exilou-se em Londres, onde concluiu o curso de Filosofia na Universidade de Londres.
Em 1976, fez pós-graduação na Georgetown University, nos Estados Unidos, onde estudou grego e latim, o que lhe permitiu ler – no original – clássicos como “Homero”, “Píndaro”, “Horácio” e “Ovídio”. Depois, tornou-se professor de Filosofia e Lógica, em universidades do Rio de Janeiro.
Música
Antonio Cicero escrevia poesia desde muito jovem, mas seus poemas só apareceram para o grande público quando sua irmã, Marina Lima, passou a musicá-los.
Aos 20 anos, em 1975, Marina musicou o poema “Alma Caiada”, de Antonio Cicero, dando início a uma parceria de muito sucesso que dura até os dias de hoje. No ano seguinte, Maria Bethânia gravou a canção, mas ela foi barrada pela censura da ditadura militar.
Em 1979, Marina Lima tornou-se a primeira artista mulher a assinar um contrato com a gravadora Warner e lançou o seu primeiro disco – “Simples como Fogo” – que já trazia o grande sucesso “A Chave do Mundo” (dela e de Antonio Cicero, que entrou na trilha sonora da novela Pai Herói, da exibida pela TV Globo no mesmo ano).
Entre outras parcerias importantes de Antonio Cicero, destacam-se as com artistas como: Cláudio Zoli, Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais, Adriana Calcanhotto e Lulu Santos.
Em 1997, o poeta lançou um álbum seu, “Antonio Cicero por Antonio Cicero”, onde recita seus principais poemas.
E, em 2001, participou – junto com outros artistas como Gabriel o Pensador, Chico Buarque, Ronaldo BastoseFernando Brant – de uma coletânea de quatro CDs em homenagem ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade.
Preparamos uma lista com 10 músicas de Antonio Cicero com diversos parceiros, que são verdadeiros sucessos da MPB e que você talvez nem saiba que foram compostas por ele.
10 músicas de Antonio Cicero
1 – À Francesa – Antonio Cicero e Cláudio Zoli (1989)
2 – Acontecimentos – Antonio Cicero e Marina Lima (1991)
3 – Charme do Mundo – Antonio Cicero e Marina Lima (1981)
4 – Fullgás – Antonio Cicero e Marina Lima (1984)
5 – Inverno – Antonio Cicero e Adriana Calcanhotto (1994)
6 – Maresia – Antonio Cicero e Paulo Machado (1981)
7 – O Último Romântico – Antonio Cicero, Lulu Santos e Sérgio Souza ( 1984)
8 – Pelos Ares – Antonio Cicero e Adriana Calcanhotto (2002)
9 – Pra Começar – Antonio Cicero e Marina Lima (1986)
10 – Virgem – Antonio Cicero e Marina Lima (1987)
Literatura
De 1991 a 1992, Antonio Cicero coordenou, em colaboração com o poeta e professor de Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Alex Varella, os cursos de Estética e Teoria da Arte do Galpão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).
Em 1993, concebeu, em colaboração com o poeta Waly Salomão e com o patrocínio do Banco Nacional, o projeto “Banco Nacional de Idéias”, por meio do qual, nesse ano e nos dois anos seguintes, promoveu ciclos de conferências e discussões de artistas e intelectuais de importância mundial, como João Cabral de Melo Neto, Haroldo de Campos, Caetano Veloso e Darcy Ribeiro, entre outros.
Antonio Cicero foi também – de abril de 2007 a novembro de 2010, colunista do jornal Folha de São Paulo, e foi eleito – no dia 10 de agosto 2017 – para a Cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo Eduardo Portella, e sendo considerado um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea.
10 livros de Antonio Cícero
1 – O Relativismo Enquanto Visão do Mundo (1994)
Em 1994, Cicero organizou, em parceria com Waly Salomão, o livro “O Relativismo Enquanto Visão do Mundo”, que reúne as conferências realizadas pelo projeto Banco Nacional de Ideias, naquele ano.
2 – O Mundo Desde o Fim (1995)
Em 1995, Antonio Cícero publicou “O Mundo Desde o Fim”, uma reflexão filosófica sobre a modernidade.
3 – Guardar (1996)
Em 1996, o escritor lançou o livro de poemas “Guardar”, vencedor do Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, na categoria estreante.
Em 2001, seu poema “Guardar” foi incluído na antologia “Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século”, organizada por Ítalo Moriconi.
4 – A Cidade e os Livros (2002)
Em 2002, Cícero lançou o livro de poemas “A Cidade e os Livros”.
Ainda em 2002, participou, junto a personalidades como José Saramago, Hermeto Pascoal e Wim Wenders, do documentário “Janela da Alma”, de João Jardim e Walter Carvalho.
5 – Finalidades Sem Fim (2005)
Em 2005, lançou o livro de ensaios filosóficos “Finalidades Sem Fim”, que foi finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Teoria / Crítica Literária.
6 – Livro de Sombras: Pintura, Cinema e Poesia (2010)
Em 2010, lançou, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, o “Livro de Sombras: Pintura, Cinema e Poesia”.
7 – Porventura (2012)
Em 2012, lançou o livro de poemas “Porventura”, também o livro “Poesia e Filosofia” (ensaio filosófico)e, como organizador, o livro de ensaios estéticos “Forma e Sentido Contemporâneo: Poesia”.
8 – Poesia e Filosofia (2012)
9 – Forma e Sentido Contemporâneo: Poesia (2012)
No mesmo ano, lançou o livro de entrevistas, organizado por Arthur Nogueira: “Encontros”.
10 – Encontros (2012)
Após ser diagnosticado com mal de Alzheimer, o poeta optou pela morte assistida e, por esse motivo, transferiu-se para a Suíça, onde tal prática é legalizada. Lá, o procedimento foi realizado. A morte do escritor foi anunciada em 23 de outubro de 2024.
Matéria na íntegra: https://thmais.com.br/novabrasil/antonio-cicero-80-anos-10-musicas-e-10-livros/
08/10/2025
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