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Hipocrisia mundial

 

Com o ataque dos EUA à Síria, gregos e troianos, torcedores do Corinthians e do Flamengo, homossexuais e heterossexuais, chefes de Estado, a totalidade da mídia da esquerda ou da direita, está condenando os mísseis que Donald Trump jogou em cima dos defensores da cruel ditadura de Bashar al-Assad.

É um caso de hipocrisia mundial. Toda e qualquer guerra merece o repúdio da sociedade.

No início de tudo, os homens e as nações usavam pedras, que eram muitas. E o arco e a flecha, que constituíam as armas tecnologicamente mais sofisticadas. Se houve progresso da humanidade para destruir os inimigos, as armas químicas se tornaram a besta negra de qualquer combate.

Falei em hipocrisia mundial, que considera o arsenal químico como o ponto mais alto da bestialidade humana. No entanto, desde que os chineses inventaram a pólvora e Alfred Nobel inventou a dinamite, o uso de armas químicas predominaram entre os mais estranhos conflitos mundiais e locais.

Os nossos índios, depois de se assanharem com as velas portuguesas, que não dispunham de uma tecnologia avançada, ficaram perplexos diante de Caramuru, que deu alguns tiros de espingarda rudimentar, destruindo os índios armados de arco e flecha. Daí em diante não se pode mais falar em armas químicas para destruir os inimigos circunstanciais ou permanentes.

A bomba atômica é um produto químico. Depois de Hiroshima e Nagasaki pode até acabar com a humanidade, riscando o planeta Terra da Via Láctea, da qual somos o baixo clero do universo. Países quase insignificantes da noite para o dia podem nos reduzir a esqueletos mumificados.

Queiramos ou não, a decisão de Donald Trump reabre dramaticamente uma guerra fria pior do que a anterior. Sobrarão alguns edifícios que se tornarão os sarcófagos de todos nós. 

Folha de São Paulo (RJ), 16/04/2017