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Opinião: Anos bons pela frente

 

Pleno 2007. Lula toma posse. Saddam está morto, Bush vivo, e Bento XVI convida a humanidade a desfrutar da paz.


Com o tempo e os séculos fomos nos ajustando, para sobreviver o mais forte, na cabeça Darwin, enfrentando colesterol, triglicerídeos, glicose, pressão arterial, e todo dia fazemos alguma coisa - como o efeito estufa - para matar a Terra. Wilde dizia que todos os homens matam aquilo que amam. Pobre Terra destinada a viver sem nós, amantes fervorosos e devotos infiéis.


O mundo anuncia um 2007 com otimismo, o que aliás os pais-de-santo confirmam. No conjunto cresceremos 5%. O crescimento do Brasil será mais modesto, mas, mesmo assim, sairemos da estagnação. Digo isso de boca cheia, porque no meu tempo o crescimento anual médio do PIB foi de 17%, medido em dólar, segundo a Fundação Getúlio Vargas, embora muitos comentaristas econômicos e políticos ressentidos tentem esquecer em nossa História os anos de 1985 a 1989.


O crescimento mundial permanece há cinco anos consecutivos, e a perspectiva é de que não se interromperá. A China consolida sua posição de comandar a produção industrial, assumindo uma pole position. Os Estados Unidos mantêm o seu espaço de dominar a pesquisa científica e o conhecimento. A Europa continua o continente do turismo, da cultura, dos serviços e das vanguardas sociais.


Os países em desenvolvimento e outros do antigamente chamado Terceiro Mundo estão condenados a uma periferia que permanecerá na sua via-crucis de abastecer de mão-de-obra barata e commodities a máquina do comércio mundial. O Brasil tem uma situação privilegiada nesse nicho, e nele vamos vivendo e ampliando nossa participação, com base na agricultura. Somos a única região no mundo que ainda dispõe de 70 milhões de hectares de terras agriculturáveis, sem ser preciso destruir a natureza.


Temos tudo que tem o Primeiro Mundo: banda larga, telefonia celular, estradas, computadores, companhias aéreas com moderna frota, mas infelizmente a qualidade dos serviços é ruim, não há segurança, responsabilidade nem qualidade nas operações. A todo momento ficamos no funciona-não-funciona, sujeitos aos conhecidos apagões, que já se incorporaram ao mau humor do nosso cotidiano.


Mas nosso destino é cultivar esperanças. O mundo é melhor a cada dia que passa, e no Brasil temos justificadas certezas do futuro. Otimismo é a palavra-chave da cultura da alegria bem brasileira.


Jornal do Brasil (RJ) 5/1/2007