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Oriente Médio e Fred

 

Ninguém precisa me dizer: eu devia escrever sobre a crise do Oriente Médio, o conflito mais estúpido depois da Segunda Guerra Mundial. Suspeito que não escreverei nem agora, nem depois. Pessoalmente, espero que haja um acordo o mais breve possível para resolver uma questão na qual nenhum dos dois lados tem razão.

Ou, o que é mais trágico, como em todas as guerras os dois lados têm suas razões. Culpa da natureza humana e das nações feitas pelos homens que nunca se entendem. É um lugar comum a constatação de que, numa guerra, a primeira vítima é a verdade. E a conclusão é pirandeliana. Cada qual tem a sua.

O meu assunto de hoje -pasmem! -é sobre Fred, que juntamente com Felipão foi idiotamente crucificado durante e depois da última Copa do Mundo.

No caso de Fred, que realmente não jogou bem em nenhuma das partidas, há uma injustiça colossal. Esquecem que ele foi um dos trunfos, talvez o maior, da Copa das Confederações, no ano passado. Talvez tenha sido o maior, uma vez que se destacou como artilheiro.

Não digo que ele tenha sido sabotado. Cumprindo ordem expressa do técnico, não saia da área adversária, esperando passes que não vieram. Ficava reduzido às sobras, sem sair do território que lhe foi ordenado. Evidente que pouco se movimentava em campo, dando a impressão que estava indiferente ao desenrolar dos jogos.

Na citada Copa do ano passado, ele demonstrou sua condição de artilheiro, que já o destacava no Fluminense. Creio que todos os gols que ele fez nasceram dos pés e da visão de Neymar, que é realmente o nosso maior jogador da atualidade.

Apesar de suas falhas, Felipão também está sendo imolado. Zico desperdiçou um pênalti decisivo no Mundial de 1986, e nunca perdeu nem perderá o seu lugar no panteão dos maiores craques de todos os tempos.

Folha de S. Paulo (RJ), 05/08/2014