O Acadêmico Ariano Suassuna, autor de importantes obras como “O santo e a porca” e “O auto da compadecida”, escreve, em 1957, “O casamento suspeitoso”, uma comédia de costumes nordestinos escrita em forma de peça. Suas personagens são caricaturadas e fazem uso de linguagem e expressões próprias da região Nordeste brasileira.
Em 2019, uma parceria entre a Academia Brasileira de Letras e a Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena promove apresentações teatrais da peça “O casamento suspeitoso” adaptadas para o formato de leitura dramatizada. Com um pouco mais de uma hora de duração, jovens e adultos poderão se encantar com uma divertida história que tem como tema central o casamento por interesse ou, como o dito popular, o “golpe do baú”. O espetáculo tem a direção de Eduardo Almeida e o elenco é composto por alunos e ex-alunos da Escola. São eles: Matheus Racinne, Fabricio Sigales, Jhô Teodorio, César Vieira, Vivianne Baptista, Teo Pasquini, Miriã Duarte, Bruna Morais e Janice Fernandes.
Na história, Lúcia vem do Recife, acompanhada do seu amante e de sua mãe, para casar-se com um ingênuo herdeiro de uma fortuna na cidade de Taperoá, interior da Paraíba. Os golpistas, porém, não esperavam se deparar com a esperteza da dupla de empregados, Cancão e Gaspar, que armam várias situações para provar que Lúcia é uma impostora e interesseira. Mas ao perceber que será desmascarada, a trambiqueira tentará reverter a situação, criando uma cilada para os dois serviçais. Em quem o herdeiro acreditará?
Comentário de Ariano Suassuna publicado em 1984 na 6.a edição de “O casamento suspeitoso”:
“Quanto à vulgaridade dos meios cômicos de que lanço mão, é coisa que não me incomoda absolutamente. Não tenho nenhuma tendência para a finura – pelo menos para isso a que os distintos chamam de finura. Ao humor educado e delicado deles, prefiro o rasgado e franco riso latino, que inclui, entre outras coisas, uma loucura sadia, uma sadia violência e um certo disparate.”
Os personagens Canção e Gaspar, que dão um show à parte, retomam a tradição do teatro popular. “Eles são a dupla circense que o povo, com seu instinto certeiro, batizou admiravelmente de o palhaço e o besta”, comentou Suassuna.
O casamento suspeitoso foi apresentado no dia 23 de outubro no Teatro R. Magalhães Jr., na Academia Brasileira de Letras.
02/10/2019