Há tempos a Amazônia pede socorro ao mundo e poucos escutam. A voz da floresta vem desaparecendo em cada ato devastador contra o ecossistema.
Na luta para impedir que cinco milhões de quilômetros quadrados sejam destruídos, a Academia Brasileira de Letras inaugura no dia 8/5, às 17h30, o Seminário "Brasil, brasis" com "Amazônia: Esplendor e agonia de uma floresta".
Ao lado dos acadêmicos Ivan Junqueira, secretário-geral da ABL, e Murilo Melo Filho, os ambientalistas Carlos Minc, Fernando Gabeira, Paulo Nogueira Neto e Washington Novaes vão refletir sobre as ações predatórias que acabam lentamente com o "pulmão do mundo".
O "Brasil, brasis" 2008 terá entrada franca e transmissão ao vivo do Teatro R. Magalhães Jr.
Conheça os debatedores:
Carlos Minc
Deputado Estadual no exercício de Secretário de Estado do Ambiente, está no 5º mandato. Autor de 150 Leis sobre meio ambiente, direitos da cidadania, saúde do trabalho e controle social do orçamento da administração estadual.
É economista, Doutorado pela Universidade de Paris I e professor adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde está licenciado.
É Vice-Presidente da Associação Ambientalista DEFENSORES DA TERRA. Recebeu o Prêmio Global 500 da ONU pelo Meio Ambiente em 1989. Fundador da Assembléia Permanente de Defesa do Meio Ambiente - APEDEMA.
Publicou os seguintes livros: “Como fazer movimento ecológico e defender a natureza e as liberdades” (Vozes, 1985); “A reconquista da terra” (Zahar, 1985); “Despoluindo a política” (Relume-Dumará, 1994)-(Moderna, 1997) e “Ecologia e Cidadania”. Co-autor de “Desafios do Século XXI” – Coordenado por André Trigueiro.
Fernando Gabeira
Escritor, jornalista e deputado federal do Rio, nascido em 1941, é mineiro de Juiz de Fora e carioca por opção desde 1963. É pai de duas filhas: Tâmi e Maya.
Destacou-se como jornalista, logo no início da carreira, na função de redator do Jornal do Brasil, onde trabalhou de 1964 a 1968. Os colegas de redação diziam que o estilo marcante dos textos de Gabeira podia ser reconhecido até em bilhetes. No final dos anos 60, ingressou na luta armada contra a ditadura militar. Em 1969, participou do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick, a ação mais radical da guerrilha contra o regime autoritário. Foi baleado, preso e, mais tarde, exilado, numa operação que envolveu a troca de presos políticos pelo embaixador da Alemanha, também sequestrado pela guerrilha.
Em dez anos de exílio, esteve em vários países. Testemunhou no Chile, em 1973, o golpe militar que derrubou Salvador Allende. Mais tarde, retrataria a queda e o assassinato de Allende em roteiro para a TV sueca. Na Suécia, país onde viveu mais tempo durante o exílio, exerceu desde o jornalismo, principalmente na Rádio Suécia, até a função de condutor de metrô, em Estocolmo. Na passagem pela Itália, em meados dos anos 70, participou do tribunal Bertrand Russel, que investigou os crimes da ditadura brasileira.
Com a Anistia, voltou ao Brasil no final de 1979, quando lançou o best seller "O que é isso, companheiro?", obra que se tornou referência da história da resistência contra a ditadura militar no Brasil. Transformado em filme pelo cineasta Bruno Barreto, “O que é isso, companheiro?” ganhou as telas brasileiras em 1997.
Nos anos seguintes, Gabeira dedicou-se a uma intensa produção literária, construindo as primeiras análises críticas da luta armada e impulsionando no Brasil temas como as liberdades individuais e a ecologia. Livros como O crepúsculo do macho, Entradas e bandeiras, Hóspede da utopia, Nós que amávamos tanto a revolução e Vida alternativa apontaram novos horizontes no campo das mentalidades e colocaram na berlinda uma série de velhos conceitos da vida brasileira.
Em 1985, voltou a ser preso no Rio, numa sessão "pirata" do filme "Je vous salue, Marie", censurado pelo Governo Sarney. Desta vez, a prisão foi breve. Nessa época, Gabeira já liderava o nascente movimento ecológico e pacifista que daria origem ao Partido Verde, fundado por um grupo de ecologistas, artistas e intelectuais.
Em 1986, candidatou-se ao governo do estado pelo PV (em coligação com o PT) e realizou uma campanha de características transformadoras. Revirou o debate político com temas como qualidade de vida, desenvolvimento sustentável, liberdades individuais (e coletivas), direitos das minorias e democratização das comunicações. Foi considerado o vencedor do principal debate entre os candidatos na TV.
A campanha de Gabeira para governador inaugurou também uma nova forma de militância política. Os tradicionais comícios e passeatas, sisudos e cinzentos, ganharam uma nova estética com cores, performances, prazer e arte. Dois momentos culminantes: a passeata Fala, mulher, que coloriu a Avenida Rio Branco de rosa e a cobriu de flores; e o Abraço à Lagoa, em que milhares e milhares de pessoas deram-se as mãos em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, produzindo um dos momentos de maior força simbólica e plástica da cena politica brasileira. Um marco na relação da população urbana com o meio ambiente, o Abraço ˆ Lagoa criou uma nova instituição entre as manifestações públicas, originando uma série de outros abraços a instituiçõeses, empresas, espaços urbanos e patrimônios ambientais.
Nos anos seguintes, Gabeira manteve simultaneamente suas atuações como jornalista, escritor e principal líder do PV, partido que já assumia uma dimens‹o nacional. Em 1987, cobriu em Goiânia o acidente radioativo com o césio 137, reportagem que gerou seu décimo livro, Goiânia, Rua 57 - O nuclear na Terra do Sol. Sua atuação política e jornalística _ trabalhando para os jornais O Dia e Folha de S. Paulo e para a TV Bandeirantes _ foi marcante em diversos outros fatos importantes da vida nacional, particularmente os ligados à questão ambiental, como a investigação do assassinato de Chico Mendes, a interdição da usina nuclear de Angra I por problemas de segurança e o encontro mundial dos povos indígenas em Altamira (PA). Em 1988, lançou o livro Greenpeace: Verde guerrilha da paz, uma reportagem-ensaio que apresentou ao Brasil a filosofia e os bastidores da maior organização ecologista do mundo.
Gabeira iniciou a década de 90 como correspondente da Folha de S. Paulo em Berlim, após uma candidatura alternativa à presidência da República, em 1989. Viveu dois anos na Alemanha, onde cobriu o day after da queda do Muro de Berlim e os primeiros movimentos da maior transformação política mundial dos últimos tempos. Na volta ao Brasil, prosseguiu seu trabalho de repórter especial nos jornais Folha de S. Paulo e Zero Hora. Em 1994, elegeu-se deputado federal pelo Partido Verde.
Como parlamentar, é conhecido pela defesa do meio ambiente, das minorias e pela luta intransigente contra a corrupção. Foi reeleito em 1998 e 2002. Em 2003, rompeu com o PT por discordar das práticas do partido no governo e no Congresso. Em 2006, foi o deputado federal mais votado do Estado do Rio de Janeiro, com 293.057 votos.
Diz a cientista política Lúcia Hippolito que Gabeira "representa a face mais avançada da esquerda mundial, que não nega a modernidade, não rejeita o mercado nem a globalização e ao mesmo tempo defende as minorias. Ele não ficou embolorado naquela esquerda ultrapassada, albanesa". Segundo a revista Veja, Gabeira é um "guerrilheiro da lucidez, a materialização das utopias possíveis".
Paulo Nogueira Neto
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo; Membro da Ordem dos Advogados do Brasil; Bacharel e licenciado em História Natural pela Universidade de São Paulo; Doutor em Ciências pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo; Professor Titular de Ecologia Emérito, do Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo; Um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral no Instituto de Biociências Universidade de São Paulo.
Um dos organizadores do Projeto UNESCO Cátedra São Marcos de Diversidade e Desenvolvimento Sustentável; Ex-Vice Presidente do Programa MAB (Man ond Biosphere) da UNESCO (1981, 1983) Dirigiu e coordenou a Secretaria Especial do Meio Ambiente SEMA, do Governo Federal, no âmbito do antigo Ministério do Interior por um período de 12 anos e 6 meses, de 1974 a 1986; Ex-Presidente e atual membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA; Vice Presidente de Câmara Técnica de Biodiversidade do CONAMA; Participou da Comissão Brundtland para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável (Nações Unidas); Preside a Associação de Defesa do Meio Ambiente ADEMASP-BR, a mais antiga associação de defesa do meio ambiente do País; Presidente Emérito da WWF-Brasil. Membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA); Presidente da Fundação Florestal e Ambiental do Estado de São Paulo.
Washington Novaes
Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, turma de 1957, e jornalista há 50 anos.
Foi repórter, editor, diretor ou colunista em várias das principais publicações brasileiras: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Última Hora, Correio da Manhã, Veja e Visão.
Na televisão, foi durante sete anos editor-chefe do Globo Repórter e editor do Jornal Nacional, da Rede Globo. Comentarista de telejornais das Redes Bandeirantes e Manchete, além do programa Globo Ecologia.
Como produtor independente de televisão, dirigiu as séries “Xingu”, “Kuarup” e “Pantanal”. Ganhou vários prêmios internacionais e nacionais de jornalismo e televisão, entre eles medalhas de ouro e prata em festivais mundiais de televisão em Nova York, Havana, Seul e Portugal, o Prêmio de Jornalismo Rei de Espanha, o prêmio do Festival Internacional de Cinema e Video Ambiental de Serra da Estrela (Portugal), o troféu Golfinho de Ouro e o Prêmio Esso Especial de Meio Ambiente. Ganhou também o Prêmio Unesco de Meio Ambiente 2004 e o Prêmio Prof. Azevedo Netto 2004, conferido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
Tem vários livros publicados, entre eles “Xingu – uma flecha no coração” (Brasiliense), “A quem pertence a informação” (Vozes) , “A Terra pede água” (Sematec/BSB) e “A Década do Impasse” (Editora Estação Liberdade).
Foi consultor do “Primeiro Relatório Brasileiro para a Convenção da Diversidade Biológica”, dos “Relatórios sobre Desenvolvimento Humano” da ONU, de 1996 a 1998, sistematizador da “Agenda 21 Brasileira - Bases para a Discussão”.
Atualmente é colunista dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Popular” (de Goiânia, onde vive). É consultor de jornalismo da TV Cultura de S. Paulo, supervisor e comentarista do programa “Repórter Eco. Realizou em 2001 para a TV Cultura a série de cinco programas “Desafio do Lixo”, gravada em 9 países e 10 Estados brasileiros, além dos documentários “Primeiro Mundo É Aqui”, sobre biodiversidade, “A Década da Aflição” e “Depois da Rio + 10” (2002), ambos sobre a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, na África do Sul, “Cerrado Urgente” (2003), sobre a situação dramática do segundo maior bioma brasileiro, ameaçado de extinção, “Biodiversidade – No Rastro do Cometa” (2004), sobre a biodiversidade na cidade de São Paulo, sua perda e os problemas decorrentes, e “Caatinga Viva (2007), sobre as novas visões de convivência com o Semi-Árido (e não de combate à seca).
Representou durante quatro anos a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 brasileira.
Tem sido consultor do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental da Cidade de Goiás.
Acaba de realizar nova série de documentários – “Xingu – a terra ameaçada” – em 16 episódios, para a TV Cultura de São Paulo e rede pública de televisão.
É coordenador da Agenda 21 do Estado de Goiás, em construção.
5/5/2008
05/05/2008 - Atualizada em 04/05/2008