A Academia Brasileira de Letras participou da 13ª edição da Flup - Festa Literária da Periferia, que teve como proposta “O aprendizado nas periferias”. O evento, realizado neste sábado, 13 de maio, na Ladeira do Livramento, na Gamboa, no Rio de Janeiro, foi norteado pelo tema "Mundo da palavra, palavra do mundo”, e levou a celebração do aniversário de Lima Barreto para o berço de Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que nasceu na Chácara do Livramento. O evento, que contou com 12 horas de programação cultural e literária, foi gratuito e aberto a todos os públicos.
Além de bate-papos, oficinas, apresentações musicais e performances, a programação contou ainda com atividades voltadas para as crianças e uma grande feijoada na hora do almoço. Para celebrar essa FLUP, a ABL doou 100 kits de livros de publicações da Casa. Essa é a primeira de uma série de doações às comunidades para ampliar o acesso à leitura. O projeto é da Comunidade de Livros, da Diretoria de Publicações e da Diretoria de Bibliotecas.As publicações, separadas em coleções, incluíam cerca de cinco exemplares cada, e foram dispostas nas 88 mesas espalhadas pela festa.
Além disso, a ABL doará exemplares para a sala de leitura da Associação de Moradores da comunidade e também para a livraria criada por Flávio Ribeiro da Silva para atender os moradores.
A participação da ABL na Flup é de longa data: em 2012, a Acadêmica Ana Maria Machado levou a instituição para a feira literária.
Um dos destaques da programação da Flup foi a presença de um dos maiores pensadores da contemporaneidade, o Acadêmico e cantor Gilberto Gil, que participou da mesa "Quem me deu régua e compasso", ao lado de Haroldo Costa, sambista e escritor de grande relevância, e da igualmente talentosa Eliana Alves Cruz, vencedora recentemente do Prêmio Jabuti.
O Acadêmico e músico Gilberto Gil comentou como uma festa literária como a Flup na Ladeira do Livramento, onde Machado de Assis nasceu, pode ser um símbolo de que a cultura volta a ganhar força e esperança no Brasil.
- Evidentemente depois de períodos mais difíceis, como o que acabamos de viver, essa ideia de retomada é algo que faz sentido, mas na verdade é uma continuidade de um processo que vem de sempre. Há uma fala, uma língua, um povo que conversa, que escreve, que canta e que representa. A vida cultural é essa: uma continuação permanente da interação entre esses elementos todos. É necessário que várias entidades apoiem iniciativas como essa, secretarias de cultural, governo, entidades, a ABL, por exemplo, enviou uma série de kits, que é uma das tarefas que a própria Academia pode levar a frente.
A Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira também prestigiou o evento com sua presença. Ela falou sobre o papel que a Flup ocupa na literatura atualmente e de que forma a ABL pode contribuir para este cenário:
- A Academia Brasileira de Letras guarda uma grande parte da história da literatura brasileira. A Flup está fazendo história na literatura atual. É natural que estejamos aqui participando dessa feira que apoiamos desde o início. Mais ainda quando o homenageado é Machado de Assis, nosso fundador – destacou a Acadêmica.
O diretor da Flup, Julio Ludemir, comenta que o evento ganha uma relevância ainda maior ao reunir dois dos maiores nomes da história do Brasil para discutir um tema de extrema importância na terra de Machado de Assis:
- Eles chegam com a proposta de abordar toda uma identidade brasileira construída a partir da negritude. De um Brasil que jamais conseguirá pagar a dívida que tem – sublinhou.
13/05/2023