O Acadêmico Paulo Barreto, conhecido pelo pseudônimo de João do Rio, será o homenageado da próxima edição da FLIP – Feira Literária Internacional de Paraty -, entre 9 e 13 de outubro.
João do Rio foi jornalista, cronista, contista e teatrólogo. Entrou para a Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 26, em 1910, com apenas 29 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de agosto de 1881, e morreu em 23 de junho de 1921.
Em seu discurso de posse na ABL, disse:
“A Academia – para que dizer coisas por todos sentidas? – é o escol mental do país.
Renan disse que um país vale pelo seu escol. Neste momento, o país entra na grande corrente humana, com a força e a ingenuidade de uma gigante criança, que muito tempo passou sem nada fazer além de castelos no ar e versos à sombra das palmeiras. É a transformação nos hábitos, nos costumes, nas ideias, um súbito grito de triunfo, a grande força do progresso que é a força de fugir de si mesmo.
Da vida desapareceram os boêmios líricos. Na arte extinguiu-se o sentimentalismo.”
Ao completar 100 anos de sua morte, em 2021, a ABL fez um podcast especial em sua homenagem, com Antônio Torres.
Era filho do professor Alfredo Coelho Barreto e de D. Florência Cristóvão dos Santos Barreto. Adepto do Positivismo, o pai fez batizar o filho na igreja positivista, esperando que o pequeno Paulo viesse a seguir os passos de Teixeira Mendes. Mas Paulo Barreto jamais levaria a sério a igreja comtista, nem qualquer outra, a não ser como tema de reportagem. Fez os estudos elementares e de humanidades com o pai. Aos 16 anos já era jornalista, notabilizando-se como o primeiro de sua profissão a ter o senso da reportagem moderna, entre as quais se tornaram célebres “As religiões no Rio” e o inquérito “O momento literário”, ambas reunidas depois em livros, que constituem fonte de informações acerca do movimento literário do final do século XIX no Brasil.
Nos diversos jornais em que trabalhou, granjeou enorme popularidade, sagrando-se como o maior jornalista de seu tempo. Usou vários pseudônimos, além de João do Rio, destacando-se: Claude, Caran d’Ache, Joe, José Antônio José. Como homem de letras, deixou obras de valor, sobretudo como cronista. Foi o criador da crônica social moderna. Como teatrólogo, teve grande êxito a sua peça A bela madame Vargas, representada pela primeira vez em 22 de outubro de 1912, no Teatro Municipal.
Ao falecer, era diretor do diário A Pátria, dedicado aos interesses da colônia portuguesa, que fundara em 1920. No seu último “Bilhete” (seção diária que mantinha naquele jornal), escreveu: “Eu apostaria a minha vida (dois anos ainda, se houver muito cuidado, segundo o Rocha Vaz, o Austregésilo, o Guilherme Moura Costa e outras sumidades)...” Seu prognóstico ainda era otimista, pois não lhe restavam mais que algumas horas quando escreveu aquelas palavras.
Falecido dentro de um táxi, seu corpo ficou na redação de A Pátria exposto à visitação pública. Seu enterro, dos maiores da história carioca, realizou-se com cortejo de cerca de cem mil pessoas.
Os livros de João do Rio:
As religiões do Rio, 1905; Chic-chic, 1906; A última noite, 1907; O momento literário, inquérito, 1907; A alma encantadora das ruas, 1908; Cinematógrafo, 1909; Dentro da noite, 1910; Vida vertiginosa, 1911; Os dias passam, 1912; A bela Madame Vargas, 1912; A profissão de Jacques Pedreira, 1913; Eva, 1915; Crônicas e frases de Godofredo de Alencar, 1916; No tempo de Wenceslau, 1916; A correspondência de uma estação de cura, 2 vols., 1918; Na Conferência da Paz, inquérito, 1919; A mulher e os espelhos, 1919.
14/06/2024