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Lilia Schwarcz vence Jabuti por "Imagens da branquitude: a presença da ausência”

 

A Acadêmica e antropóloga Lilia Schwarcz venceu o Prêmio Jabuti Acadêmico na categoria História e Arqueologia com o livro “Imagens da branquitude: a presença da ausência”, que propõe uma leitura crítica de imagens que ajudaram a construir a ideia de branquitude no Brasil. A premiação ocorreu na noite desta terça-feira (5), no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Esse é o oitavo Prêmio Jabuti da escritora.

“Esse é um livro de vida, resultado de um curso de mais de 20 anos na USP chamado “Lendo imagens”. A partir dele, e do diálogo com os alunos, fui descolonizando meu olhar e fazendo meu próprio letramento racial com imagens. Esse é também um livro que revela meu aprendizado a partir da vasta e competente bibliografia sobre o tema da branquitude. A partir dai interseccionei as imagens com a bibliografia”.

No fim de julho, a Acadêmica fez uma conferência sobre o livro no ciclo “Pensar”, no teatro da ABL, para uma plateia lotada.

Na palestra, Lilia classificou a branquitude como um sistema internalizado de privilégios materiais e simbólicos que se ancora no passado, mas exerce suas prerrogativas no presente. Sua principal consequência social é a manutenção de monopólios sociais e a perpetuação do poder.

“É uma norma que não se nomeia; uma classificação que não se auto-classifica. E se negritude foi um movimento social que visava políticas de orgulho e inclusão, a branquitude é uma forma de negação, sobretudo para pessoas que evitam qualquer forma letramento racial.”

No texto postado em sua rede social, Lilia agradeceu as instituições e acervos que cederam imagens e aos vários artistas que a apoiaram no projeto. Ela também agradeceu ao marido Luiz Schwarcz e a Otávio Marques da Costa, cujas críticas, sugestões e diálogos foram fundamentais e à Companhia das Letras, sua editora. “O livro é sempre o resultado de um processo coletivo. Feito a muitas mãos.”

O Prêmio Jabuti é o mais importante prêmio da literatura brasileira, promovido pela Câmara Brasileira do Livro, om o apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Ele reconhece e premia obras publicadas no Brasil, escritas em língua portuguesa, por autores brasileiros, naturalizados ou estrangeiros com residência fixa no país.

O Jabuti Acadêmico, em particular, foca em obras científicas, técnicas e profissionais. Foi criado no ano passado para contemplar exclusivamente obras científicas em categorias, como Artes, História, Economia, Direito e Filosofia.

Sobre Lilia Schwarcz

Lilia Katri Moritz Schwarcz é historiadora, antropóloga, curadora, professora titular e sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e global scholar/visiting professor da Universidade de Princeton (desde 2009).

É autora de mais de 30 livros e catálogos de arte, publicados no Brasil e no exterior, como: O espetáculo das raças (1997), As barbas do imperador (1998), Brasil: uma biografia (2009), Lima Barreto triste visionário (2018), Enciclopédia Negra (2021), Imagens da branquitude (2024), tendo recebido 8 prêmios Jabuti.

Foi curadora para histórias do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) de 2015 a 2023, e curou mais de 20 exposições no Brasil e no exterior: incluindo Histórias Afro-Atlânticas e Brasil futuro: as formas da democracia (Brasília, Belém, Salvador, Rio de Janeiro).

Foi Professora Visitante nas Universidades de Oxford, Leiden, Ècole des Hautes Études, Brown, Frei Universitat e Tinker Professor na Columbia University. É professora emérita da Universidade de Buenos Aires (2024) e membra da Academia Brasileira de Letras desde 2024.

07/08/2025