ABL celebra o Centenário de Nascimento de Tancredo Neves com Sessão Especial

O Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, participou no dia 23 de março da mesa-redonda em homenagem ao centenário de nascimento de Tancredo Neves, seu avô e membro da Academia Mineira de Letras (AML). O evento foi realizado no Teatro R. Magalhães Jr., sob coordenação do Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, Presidente da ABL. O orador foi o Acadêmico Eduardo Portella. Participaram da mesa também o Acadêmico Domício Proença Filho e o Presidente da AML, Murilo Badaró.

A memória do político mineiro foi reverenciada tanto por Marcos Vinicios Vilaça como também por Eduardo Portella. Em seu discurso, o presidente da ABL lembrou que Tancredo gostava da convivência acadêmica e que muitas vezes visitara a ABL. Os dos Acadêmicos fizeram um paralelo sobre a atuação política do homenageado assim como sua vida literária. Portella também falou dos talentos de Aécio Neves, neto de Tancredo, como Governador de Minas Gerais. Vilaça lembrou a vida política de Tancredo e sua admiração pelas letras.

“Em Grande Sertão e Veredas, Guimarães Rosa escreveu: ‘As forças me amanheceram acordado’. Essa disposição típica de quem luta e espera, espera e luta, não estava apenas no romance do grande Rosa, mas esteve também nas mãos tecelãs de doutor Tancredo”, afirmou Vilaça. Em outro parágrafo de seu discurso, o Presidente da ABL disse: “Avaliar a vida e a obra de Tancredo neves é reunir elementos claros para compreender a transformação ocorrida na história contemporânea do Brasil”. E continuou, no seguinte: “A transição para a democracia não teria sido feita – ao menos, desarmada, e instituída com o espírito firme de civilismo como aconteceu – não fosse o talento político do doutor Tancredo e o tamanho da paciência de José Sarney”.

Portella, orador oficial da sessão solene, destacou também as características de Tancredo como homem público: “Presidente Tancredo sempre esteve ao lado da democracia e contra todas as formas de autoritarismo. Não vacilou nunca. Não se escondeu. Não pediu licença. Era um liberal altivo e ativo. Não apenas um colecionador abstracionista de boas intenções. Considerava o Tancredo eticamente impecável e exímio conciliador. É preciso voltar a Tancredo para seguir adiante. Apostar na sua aposta no futuro. Futuro não como brilho, como festa. Futuro como esperança concreta, enraizada no firme solo da liberdade”, afirmou.

O Governador Aécio Neves também destacou a vivência política de seu avô. Ao final de seu pronunciamento, pediu que a luta dele pela democracia e igualdade continuasse com as gerações futuras: “A pátria não é o passado, mas o futuro que construímos com o presente. Não é a aposentadoria dos heróis, mas tarefa a cumprir. É a promoção da justiça, e a justiça só se promove com liberdade”, concluiu.

O Presidente Marcos Vinicios Vilaça, no encerramento da sessão, lembrou uma “peraltice” que fizera quando de uma visita à casa de Tancredo: “Deixei as pessoas na sala e me dirigi para a biblioteca do doutor Tancredo. Lá chegando, sozinho, fiquei olhando seus livros nas prateleiras. Encontrei uma edição do Casa Grande e Senzala, abri o livro e fiquei admirando as anotações, todas pertinentes, que Tancredo fizera. Lamentei depois não ter surrupiado o livro e o mostrado para Gilberto Freyre”.

Além do Presidente Marcos Vilaça e do orador oficial Eduardo Portella, estiveram presentes os Acadêmicos Affonso Arinos de Mello Franco, Alberto da Costa e Silva, Alberto Venancio Filho, Antonio Carlos Secchin, Cícero Sandroni, Domício Proença Filho, Hélio Jaguaribe, José Murilo de Carvalho, Moacyr Scliar, Murilo Melo Filho, Nelson Pereira dos Santos e Sérgio Paulo Rouanet. Também participaram da sessão solene o compositor Martinho da Vila, o escritor Ziraldo, o ex-ministro do Exército, general Leônidas Pires, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Osvaldo, e o deputado federal Rafael Guerra, representando o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer.

24/3/2010