A Academia Brasileira de Letras inaugura a exposição “Malá Strana – Vestígios da Praga”, de Jan Neruda, que ficará na Galeria Manuel Bandeira.
Sob curadoria de Alexei Bueno, a exposição, com apoio da Editora Record e fotografias de Luís Carlos Cabral, ficará aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, até o dia 7 de junho. Entrada franca.
A abertura de “Malá Strana – Vestígios da Praga”, de Jan Neruda, aconteceu no dia 5 de maio, na Galeria Manuel Bandeira, na ABL, às 18h. Na ocasião, foi lançado o livro com o mesmo nome da exposição, de autoria do escritor tcheco Jan Neruda.
Saiba mais
Malá Strana
Por uma das mais curiosas ironias da história das literaturas, o sobrenome do grande escritor e jornalista tcheco Jan Neruda espalhou-se pelo mundo menos por sua obra do que por ter dado origem ao pseudônimo do poeta chileno Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, ou melhor, Pablo Neruda. A imensa área de influência do espanhol, na verdade, distancia-se enormemente da insularidade do idioma tcheco. Ironia ou não, nada deve a esse fato o autor dos Contos da Malá Strana, o pacato bairro barroco da pequena burguesia de Praga onde ele nasceu e viveu, e que imortalizou em sua obra mais célebre.
Se a fama da lendária capital da Boêmia muito deve ao seu extraordinário conjunto arquitetônico, com monumentos que vão do românico ao gótico e do barroco ao Art Nouveau, felizmente poupados pelos grandes conflitos mundiais, bem como à música do estrangeiro Mozart e dos nacionais Dvorak e Smetana, não deve menos aos escritores que nela nasceram ou que a recriaram em suas obras. De fato, a cidade de Rodolfo II é o berço do maior poeta de expressão alemã do século XX, Rainer Maria Rilke, de um dos maiores prosadores do mesmo século, Franz Kafka, do austríaco de nascimento Gustav Meyrnk, autor do célebre O Golem, de Jan Neruda, de tantos outros.
Inextricável cruzamento de culturas, de língua, de etnias, Praga é trazida até nós, na presente exposição, através das magníficas fotografias de Luís Carlos Cabral, que congrega em si intimidade biográfica com a cidade, admirável senso visual e o fato de ser tradutor de Jan Neruda para a nossa língua, “coisas que juntas se acham raramente”, para usar o verso de Camões. Malá Strana: vestígios da Praga de Jan Neruda representa para o espectador uma viagem a um cenário fascinante, que parece aguardar a imaginação literária para povoá-lo de vida.
Alexei Bueno
Curador
Veja também
Perfil da ABL no Twitter
Comente o evento no Orkut
Curta no Facebook
4/5/2011
03/05/2011 - Atualizada em 02/05/2011