A Academia Brasileira de Letras será representada no Colóquio Anual da Lusofonia, de 04 a 09 de abril, em Florianópolis, pelo Acadêmico Evanildo Bechara, que responde pelo setor de Lexicografia e Lexicologia da ABL. A Academia realizou, em sua sede, segunda-feira, dia 29 de março, o Encontro da Lusofonia, com a participação três dos mais destacados especialistas na matéria: Chrys Chrystello, Concha Rodrigues Peres e João Malaca Casteleiro. Bechara coordenou o Encontro.
A abertura do evento foi feita pelo Presidente da Casa, Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, que considerou um passo importante da Academia realizar o evento. Lembrou ser muito importante para a ABL a participação do grupo de estudantes que estava na platéia. Disse também que a língua é expressão de poder: “É muito melhor investir na língua do que comprar caças e submarinos atômicos”.
Subsídio para Florianópolis
As conferências do Encontro da Lusofonia na ABL servirão, segundo o professor Bechara, como subsídio aos que desejarem participar dos eventos que acontecerão em Florianópolis, de 4 a 9 de abril: “13º Colóquio da Lusofonia” e “5º Encontro Açoriano de Lusofonia”, intitulado “Açorianópolis. A capital de Santa Catarina disputou com a Galiza (Espanha) e Brasília o direito de sediar o evento, que acontece fora da Europa pela primeira vez. “Açorianópolis” é fruto dos Colóquios Anuais da Lusofonia, que consistem em um espaço privilegiado de diálogo, de aprendizagem, de intercâmbio e partilha de ideias, opiniões, projetos por mais díspares ou antagônicos que possam aparentar”, disse Bechara.
Estarão presentes palestrantes, pesquisadores e estudiosos, que debaterão sobre a Lusofonia. O “Açorianópolis” também proporcionará a oportunidade de encontro de três das mais importantes entidades de defesa da lusofonia: a Academia Brasileira de Letras, a Academia de Ciências e Letras de Portugal e a recém-criadaAcademia Galega de Língua Portuguesa. Os patronos do evento em Florianópolis são o professor e Acadêmico Evanildo Bechara e o professor Malaca Casteleiro.
Bechara considerou o evento na sede da Academia uma real oportunidade da ABL fazer história: “O melhor adjetivo para os galegos é tenazes e o Encontro que acabamos de realizar representou mais do que tudo um momento histórico. A Academia mergulhou lado a lado com a Galiza no passado da língua portuguesa. Se vivo estivesse, o Acadêmico Celso Cunha, nosso melhor medievalista, estaria contentíssimo com esta tarde na sua Academia. Caminhamos mais um passo largo para a vitória definitiva do contexto da lusofonia e da consolidação, linguística e política, de um idioma falado por mais de 230 milhões de pessoas, a que se incluem os galegos espalhados pelo mundo inteiro”, afirmou.
O Encontro da Lusofonia foi realizado no Teatro R. Magalhães Jr., na sede da Academia, e contou com um público composto de professores e de alunos do Liceu Literário Português, assim como Acadêmicos, estudiosos de lexicografia e de lexicologia, além de interessados pela matéria e público em geral. Ao final do Encontro, os participantes receberam certificados de participação fornecidos pelas ABL.
A primeira palestra foi da psicóloga nascida na Galiza e com título de mestrado pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, Concha Rodrigues Peres. Também militante cultural e política em defesa da normalidade da língua galego-portuguesa falada em sua terra natal e dos direitos linguísticos e de identidade da Galiza, seu tema foi Acordo ortográfico e a língua na Galiza: poder e responsabilidade.
A seguir falou o conferencista Chrys Chrystello, defensor do multiculturalismo, jornalista, escritor e especialista em linguística, com inúmeros trabalhos publicados. Seu tema no Encontro foi Acordo ortográfico em Portugal e o papel da sociedade civil como motor para a conscientização. Christello defendeu o resgate da língua portuguesa antes que se torne um dialeto e desapareça. Também defendeu a implantação imediata do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) em Portugal.
O terceiro conferencista foi João Malaca Casteleiro, doutor em filologia romântica e um dos gramáticos mais respeitados em Portugal. Defensor da implantação do Acordo Ortográfico em seu país o mais rapidamente possível, é membro da Academia das Ciências de Lisboa e presidente de seu Instituto de Lexicologia e Lexicografia. Sua palestra foi A implantação do acordo ortográfico e seus problemas.
Casteleiro disse que os problemas de implantação do Acordo em Portugal são de fácil solução. Deu como exemplo o uso do acento na palavra cômodo: “No Brasil, ela é falada com o som fechado e, por isso, recebe acento circunflexo. Em Portugal, a pronúncia é aberta e com acento agudo. Isso não é um problema, basta mantermos a grafia e a pronúncia de cada um dos países”, garantiu.
31/3/2010
31/03/2010 - Atualizada em 30/03/2010