No segundo dia das homenagens pelo centenário de nascimento da Acadêmica e professora Cleonice Berardinelli (nasceu em 28 de agosto de 1916), no dia 14 de outubro, quarta-feira, de 9 às 19 horas, a Academia Brasileira de Letras participou, como parceira e sede, do evento intitulado “Há cem anos Orpheu canta para Cleonice”. A organização foi da Cátedra Jorge de Sena da Faculdade de Letras da UFRJ. O encontro aconteceu no Teatro R. Magalhães Jr., na Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro.
Eleita para a Cadeira nº 08 da ABL, em substituição a Antonio Olinto, Cleonice Berardinelli tomou posse no dia 05 de abril de 2011. Especialista em Luís de Camões e Fernando Pessoa, ela é também professora emérita da UFRJ e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). Desde 27 de novembro de 1975, é Acadêmica correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, classe de Letras. Exerce ainda a atividade de pesquisadora do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e consultora ad hoc da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Entre as suas principais obras estão Estudos camonianos, de 1973 e ampliada em 2000; Obras em prosa: Fernando Pessoa, de 1986; A passagem das horas de Álvaro Campos; de 1988; Poemas de Álvaro Campos, impressa em Lisboa em 1990; Fernando Pessoa: outra vez te revejo..., de 2004, e Gil Vicente: autos, de 2012.
A homenagem foi organizada pelo IV Congresso Internacional da Cátedra Jorge de Sena da Faculdade de Letras da UFRJ. Foram dois centenários. Além do aniversário da professora, a Cátedra lembrou também “Os 100 anos da Geração de Orpheu”. Abrangeu, ainda, o lançamento da revista Orpheu, que inaugurou o modernismo em Portugal e, da qual, participaram dois dos mais importantes representantes da poesia em língua portuguesa: Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. O evento contou com a parceria do Consulado de Portugal, ABL, Casa de Rui Barbosa e a Faculdade de Letras da UFRJ e foi realizado do dia 13 ao dia 16 de outubro. As inscrições foram feitas através do e-mail inscricaocjs@hotmail.com. Mais informações por intermédio do e-mail orpheucleonice@hotmail.com.
De terça-feira a sexta-feira, estiveram reunidos brasileiros e portugueses especialmente convidados para debaterem temas sobre os quais a Acadêmica e professora trabalhou: desde os clássicos – O cancioneiro medieval, Fernão Lopes, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro e Luís de Camões – passando pelos escritores oitocentistas – Garrett, Herculano, Camilo, Eça – mas também pelos poetas deles contemporâneos – Cesário, Antero, Camilo Pessanha, Antonio Nobre –, chegando ao século XX, com sua admiração por Fernando Pessoa e percorrendo outros tantos como Régio e Torga e Namora, até aqueles que, no pós 25 de Abril, puderam encontrar espaço mais livre para sua arte: Cardoso Pires, Abelaira, Helder Macedo e José Saramago.
Segundo os organizadores, “de Portugal vieram, para a homenagem, professores e pesquisadores de primeira linha: Helder Macedo, ensaísta, poeta e romancista, professor emérito do Kings College de Londres, para falar de Camões; Fernando Cabral Martins, da Universidade Nova de Lisboa, especialista em ORPHEU; Carlos Reis, da Universidade de Coimbra, e Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura de Portugal e professora da Universidade do Porto, que falaram sobre a atualidade da prosa de Eça de Queirós e de sua revisitação por outras artes, como o cinema; e Maria Fernanda de Abreu, da Universidade Nova de Lisboa”. Do Brasil compareceram especialistas como Elza Miné (USP), Vilma Arêas (Unicamp), Francisco Lima (Universidade Estadual de Feira de Santana), Simone Schmidt (UFSC), Marcella Guimarães e Ana Maria Filizzola (UFPR), e outros tantos que se reuniram aos professores do Rio de Janeiro (UFRJ, UFF, PUC-Rio, UERJ ) que tiveram a oportunidade de conviver com Cleonice Berardinelli como pesquisadores, ex-alunos e colegas de trabalho.
A sessão de abertura do evento, segundo os organizadores, começou às 16 horas, no Palácio São Clemente, no dia 13 de outubro, e contou com as presenças do Cônsul de Portugal, Nuno Bello, do Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal, João Pignatelli, dos reitores da UFRJ e da PUC-Rio, da Regente da Cátedra Jorge de Sena, Luci Ruas. O segundo dia, quarta-feira, das 9 às 19 horas, foi realizado na ABL. O terceiro, também de 9 às 19 horas, com sessões plenárias na Casa de Rui Barbosa, privilegiou o diálogo entre as culturas de língua portuguesa (Portugal, Brasil, África), a obra de Eça de Queirós, os poetas e prosadores portugueses do século XX. O quarto dia acolheu-se, no mesmo horário, na Faculdade de Letras da UFRJ, campus do Fundão, um amplo debate de temas e pesquisas, além de uma homenagem especial feita por alguns dos primeiros professores de Literatura Portuguesa escolhidos por Cleonice Berardinelli para formar um corpo docente.
09/10/2015