A Acadêmica Ana Maria Machado viveu momentos de pura emoção o mês passado. Ela fez parte de um grupo de cinco criadores brasileiros que visitaram o Vaticano. Foi a única mulher e a única escritora do grupo. Encontrou com o Papa Francisco, percorreu corredores e salões do Museu do Vaticano em horário especial, com calma e sem uma multidão de visitantes enfileirados se atropelando, apreciou no teto e nas paredes da Capela Sistina as maravilhas criadas por Michelangelo, Boticcelli, Ghirlandaio, Perugino e outros. E ouviu, embevecida, um pequeno concerto do violoncelista Issei Watanabe tocando Bach em um instrumento construído por presidiários, com madeira de barcos naufragados a transportar refugiados pelo Mediterrâneo - “num projeto muito bonito e interessante do Vaticano, de oficinas de luteria nos cárceres”, ela explica.
Ana Maria conta que já foi outras vezes ao Museu do Vaticano, à Capela Sistina e à Basílica de São Pedro, mas este foi seu primeiro encontro com um papa. “Ouvir a mensagem do Papa dirigida aos artistas, incentivando a criação, celebrando o sonho, a ironia e as dúvidas que nos regem e impedem certezas intolerantes, ou elogiando a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, bem como fazendo um apelo para não esquecermos dos pobres. E apreciar sua locução firme e serena, transmitindo uma sensação de quem sabia muito bem o que estava dizendo, sem palavras vazias nem retórica foi muito emocionante. Estar duas horas apreciando tranquilamente a Capela Sistina nessas condições: sentada, sem hordas de guias e turistas em volta falando ao mesmo tempo enquanto um alto-falante pede silêncio em mensagens em diferentes idiomas...” A Acadêmica pode conversar também com o Cardeal Tolentino (português e poeta, que tem um cargo equivalente ao de Ministro da Cultura do Vaticano, e se alegrou ao ver que ele sabia quem ela é e o que faz. “Em suma, foi tudo muito emocionante, desde a primeira surpresa de ser selecionada para receber o convite especial, entre tantos artistas, de tantas áreas”, afirma.
06/07/2023