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Baseado no conto de Carolina Nabuco, ABL exibe pela primeira vez no Brasil o filme "O Ladrão de Guarda-Chuva"

 

“O Ladrão de Guarda-Chuva” relata a verdadeira história de um jovem que roubou para ser salvo. Baseado no fascinante conto de Carolina Nabuco, publicado em 1966 e adaptado para os dias de hoje por José Eduardo Lins, diretor e roteirista do filme, sobrinho-neto da escritora, o curta-metragem é uma crônica atemporal sobre a salvação diante da morte. A exibição será na ABL na quinta-feira, dia 31 de outubro, às 17h30, e as inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/projecao-de-o-ladrao-de-guarda-chuva-da-mamute-filmes-497233/ O Acadêmico Antonio Torres fará a apresentação filme e do diretor.

O filme traz para a tela a história real de um jovem que, por necessidade, rouba um guarda-chuva em um bairro de classe alta no Rio de Janeiro. Ao fugir sob a chuva, ele é perseguido por um motorista e levado de volta ao local do crime, onde encontra sua vítima, uma bondosa dona de casa.

O breve encontro revela que o roubo foi um ato de desespero, não de malícia, e o jovem, acometido por um ataque de apendicite, tem sua vida salva por ela. Com tons religiosos e uma premiada trilha sonora sensorial de Rapha Grumser, o curta-metragem oferece uma interpretação singular de um conto atemporal sobre salvação em meio à iminência da morte.

O filme estreou no Festival Internacional de Cinema de Clapham em 2024.

Para o diretor, além da profundidade psicológica e sensorial, sempre presente no trabalho de Carolina Nabuco, o que o cativou de cara foi a simplicidade da trama – um garoto que rouba um guarda-chuva por necessidade, como Jean Valjean em Les Misérables – e a facilidade com que o leitor se conecta com o ladrão.

“Mas o que realmente me marcou foi a complexidade sutil que surge quando o ladrão é pego e tem que encarar a vítima de seu crime inocente – uma figura quase angelical, que emana uma bondade rara, daquelas que a gente só vê em relatos religiosos ou contos de fada, algo praticamente divino.

Saber que o conto é baseado em fatos reais me deixou ainda mais fascinado… quem foi Zaíde na vida real? De onde vinha tanta bondade?

Essa curiosidade não tocou só a mim, mas também ao Cândido Portinari, que dedicou o poema Zaíde a Santa à sua bondade. Ele escreve: “Onde estão os ladrões de Zaíde? Onde estão seus necessitados?”

Foi com esse misto de fascínio e mistério que resolvi adaptar o conto – estranho, porém bonito – querendo fazer um filme que captasse essa estranheza e essa beleza, sendo fiel à simplicidade e à complexidade de Carolina Nabuco.

Isso me deu uma liberdade incrível para experimentar narrativamente, visualmente e musicalmente, criando algo que ao mesmo tempo se diferencia e se aproxima, de forma espiritual, do conto original.

A maior diferença entre o conto e o curta, no entanto, está na época. Carolina Nabuco escreveu a história nos anos 50 e eu a filmei nos dias de hoje, abraçando a presença dos celulares, porém buscando trazer uma alma antiga para um formato digital.

Fiz questão de manter referências ao passado: usei o enquadramento 4:3, que era comum nos filmes dos anos 50, adotei dublagens propositalmente evidentes e coloquei uma Mercedes-Benz antiga em cena”.

O mais importante, porém, foi manter viva a bondade de Zaíde – uma bondade que talvez fosse mais comum no passado, mas que hoje soa quase alienígena.
 

Equipe técnica

Escrito, dirigido e montado por José Eduardo Lins, fundador da produtora carioca Mamute Filmes, “O Ladrão de Guarda-Chuva” é seu segundo curta-metragem a participar de festivais internacionais. Produtor de documentários e filmes de longa-metragem, formado na University of Southern California (USC) em Los Angeles, José Eduardo Lins é um nome promissor na indústria do cinema brasileiro. José Eduardo Lins levou o Prêmio de Melhor Direção no Frankfurt Indie Shorts Awards. A direção de fotografia é do basco Ioseba Mirena, que vem do mundo de documentários, e levou o Prêmio de Melhor Fotografia no Swedish International Film Festival.

 

Trilha sonora

Com influências que vão de Erik Satie a Brian Eno, o som inovador de Rapha Grumser dialoga com a narrativa fragmentada e experimental do filme. Antes de “O Ladrão de Guarda-Chuva”, Grumser colaborou com José Eduardo Lins em “A DEUS” (Mamute Filmes), vencedor do Prêmio de Melhor Trilha Sonora no Buenos Aires International Film Festival. Formado na renomada Berklee College of Music, Grumser é um dos músicos mais ecléticos de sua geração. Pela música de “O Ladrão de Guarda-Chuva”, Grumser venceu o Prêmio de Melhor Trilha Sonora no Swedish International Film Festival. A trilha sonora foi lançada como um álbum de ambient music intitulado “Parasol” e está disponível em todas as plataformas de streaming.

Premiações e festivais internacionais

O filme foi premiado no Swedish International Film Festival (melhor fotografia e melhor trilha sonora) e no Frankfurt Indie Stars (melhor direção) e selecionado para os festivais: Independent Hungarian Film Festival (Hungria), South Film and Arts Academy Festival (Chile), Short to the Point Film Festival (Romênia) e fez parte do Long List do Genesis International Film Festival (Russia).
 

O Diretor José Eduardo Lins

Além da profundidade psicológica e sensorial, sempre presente no trabalho da Carolina Nabuco, o que me cativou de cara foi a simplicidade da trama – um garoto que rouba um guarda-chuva por necessidade, como Jean Valjean em Les Misérables – e a facilidade com que o leitor se conecta com o ladrão.

Mas o que realmente me marcou foi a complexidade sutil que surge quando o ladrão é pego e tem que encarar a vítima de seu crime inocente – uma figura quase angelical, que emana uma bondade rara, daquelas que a gente só vê em relatos religiosos ou contos de fada, algo praticamente divino.

Saber que o conto é baseado em fatos reais me deixou ainda mais fascinado… quem foi Zaíde na vida real? De onde vinha tanta bondade?

Essa curiosidade não tocou só a mim, mas também ao Cândido Portinari, que dedicou o poema Zaíde a Santa à sua bondade. Ele escreve: “Onde estão os ladrões de Zaíde? Onde estão seus necessitados?”

Foi com esse misto de fascínio e mistério que resolvi adaptar o conto – estranho, porém bonito – querendo fazer um filme que captasse essa estranheza e essa beleza, sendo fiel à simplicidade e à complexidade de Carolina Nabuco.

Isso me deu uma liberdade incrível para experimentar narrativamente, visualmente e musicalmente, criando algo que ao mesmo tempo se diferencia e se aproxima, de forma espiritual, do conto original.

A maior diferença entre o conto e o curta, no entanto, está na época. A Carolina Nabuco escreveu a história nos anos 50 e eu a filmei nos dias de hoje, abraçando a presença dos celulares, porém buscando trazer uma alma antiga para um formato digital.

Fiz questão de manter referências ao passado: usei o enquadramento 4:3, que era comum nos filmes dos anos 50, adotei dublagens propositalmente evidentes e coloquei uma Mercedes-Benz antiga em cena.

O mais importante, porém, foi manter viva a bondade de Zaíde – uma bondade que talvez fosse mais comum no passado, mas que hoje soa quase alienígena.

 

Serviço:

“O Ladrão de Guarda-Chuva”

Exibição no dia 31 de outubro, às 17h30

Local: Academia Brasileira de Letras (Sala José de Alencar)

Direção: José Eduardo Lins

Elenco: Pedro Manoel Nabuco, Wilson Rabelo, Alexia Dechamps, Amanda Orestes, Marília Lopes e Rodrigo Naice.

Duração: 24 minutos

 

 

 

28/10/2024