“Capistrano de Abreu, do cientificismo à ciência” é o tema da terceira conferência do ciclo Cadeira 41, no dia 19, com o Acadêmico e historiador Arno Wehling. A coordenação é da Acadêmica Ana Maria Machado.
A entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/capistrano-de-abreu-do-cientificismo-a-ciencia-524877
A apresentação também será transmitida ao vivo pelo canal da ABL no YouTube pelo link: https://www.youtube.com/live/ZCZVjKjY5s8?si=v9Xe99nqH022fial
Capistrano Honório de Abreu foi o maior historiador brasileiro dos fins do século XIX às primeiras décadas do século XX - viveu entre 1853 e 1927. Dedicou-se ao estudo do Brasil colonial e mudou o cenário da historiografia brasileira. É o responsável pela entrada do nosso país no mundo da historiografia moderna. Uma de suas grandes obras foi o livro Capítulos da História Colonial (1500 – 1800), publicado em 1907. Trabalhou nos jornais Gazeta de Notícias e O Globo e na Biblioteca Nacional, no Rio. Hoje, suas obras são vistas como grandes fontes de fatos e informações, que fizeram parte da história brasileira. Recusou o convite de Machado de Assis para ingressar na Academia Brasileira de Letras.
Arno Wehling vai falar da contribuição de Capistrano de Abreu para a compreensão da sociedade brasileira e sua atuação em diversas áreas, destacando a transição de um pensamento cientificista para uma abordagem mais interpretativa da história; analisará as duas fases do pensamento de Capistrano de Abreu: uma inicial, marcada pelo cientificismo, influenciada pelo positivismo e evolucionismo do século XIX, e outra posterior, de caráter historicista, em que adota uma visão mais interpretativa e crítica da história.
“Capistrano atuou nas áreas de história, etnografia, crítica literária, tradução e edição de documentos. Suas grandes contribuições à história da expansão geográfica do Brasil e à formação do povo brasileiro foram inicialmente associadas ao positivismo e ao evolucionismo, mas estudos posteriores comprovaram que há duas fases nítidas em seu pensamento, a cientificista, balizada por aquelas abordagens, e a hermenêutica ou historicista, em que transcende o determinismo da primeira etapa”, explica Arno Wehling.
Segundo ele, a geração anterior a Capistrano era dominada pelo grande historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, ainda muiro próxima da independência, e concentrava-se no estuda da formação do Estado brasileiro.
“Em Capistrano, a problemática muda: trata-se então de caracterizar e analisar a sociedade brasileira, sua formação étnica e seus distintos núcleos regionais”.
Segundo Arno, muitas de suas interpretações e conceitos incorporam-se à explicação corrente sobre o país, o que o torna um clássico da historiografia brasileira.
Na próxima terça-feira (26), dando continuidade o ciclo de conferência “Cadeira 41”, a escritora Paloma Amado fará a conferência “Dorival Caymmi”, às 16h.
Sobre Arno Wehling
Professor Titular da UFRJ, Emérito da UNIRIO e Visitante das Universidades de Lisboa e do Porto. Membro da Academia Brasileira de Letras e Presidente de Honra do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Como gestor foi chefe de departamento e decano (UNIRIO e UGF) e reitor (UGF). Foi pesquisador do CNPq atuando nas áreas de História do Direito/Instituições e Teoria da História. Publicou, entre outros, os livros “A invenção da história – estudos sobre o historicismo”; “Estado, História, Memória – Varnhagen e a construção do Estado nacional”; “Administração portuguesa no Brasil, 1777-1808”; “Pensamento político e elaboração constitucional”; “De formigas, aranhas e abelhas – reflexões sobre o IHGB”; “Formação do Brasil colonial”; “Direito e Justiça no Brasil colonial – o tribunal da Relação do Rio de Janeiro” (os dois últimos com Maria José Wehling) e “Do Antigo Regime ao Constitucionalismo – a Casa da Suplicação do Brasil, 1808-1829/1833)”.
05/08/2025