O documentário Elogio da Liberdade, que retrata a vida e a luta da jornalista, escritora e ensaísta brasileira Rosiska Darcy de Oliveira (Acadêmica da ABL, ocupante da cadeira 10, eleita em 2013) em prol da liberdade e igualdade de direitos das mulheres, marcou a estreia da atriz Bianca Comparato atrás das câmeras, comandando a direção.
A produção, exibida neste domingo, 31 de março, no canal Max (Tv a cabo), tem 90 minutos de duração. O filme foi produzido por Roberto Rios, Patricia Carvalho e Eduardo Zaca, da HBO Latin America, em parceria com a Los Bragas.
Elogio da Liberdade motivou uma série de reportagens nos principais jornais do Brasil, impressos e/ou online, além de diversos sites e blogs especializados em cinema. Foram publicadas inúmeras reportagens no domingo, chamando o leitor para assistir ao filme e compreender todo o trabalho realizado pela escritora, desde que deixou o país em 1970, por causa da ditadura estabelecida, até os dias de hoje, passando por seu retorno ao Brasil em 1980.
A obra literária de Rosiska Darcy de Oliveira exprime uma trajetória de vida. Nascida no Rio de Janeiro, na casa onde vive até hoje na floresta da Tijuca, estudou no Instituto de Educação e se formou em Direito pela PUC. Nos anos 60, na revista Senhor, Jornal do Brasil, Visão e TV Globo e O Sol tornou-se a jornalista que mais tarde escreveria no Globo e no Estado de S. Paulo. Seu mais novo livro, lançado ano passado, Pássaro louco, é uma antologia, reunindo as melhores crônicas da autora, escritas ao longo dos últimos 20 anos.
Em 1970, no auge do regime militar, denunciou a tortura contra opositores políticos e foi obrigada a se exilar em Genebra, na Suíça. Despossuída da língua materna, o exílio a desafiou a construir uma nova identidade. Direitos humanos e a causa das mulheres foram seus temas inspiradores. Participou ativamente do emergente movimento de libertação das mulheres que sacudiu o Ocidente.
Professora da Universidade de Genebra, seus primeiros livros, escritos e publicados em francês - Le Féminin Ambigu e La Culture des Femmes: tradition e innovation - valorizam as mulheres e a cultura feminina como fator de enriquecimento das relações humanas.
Retornou ao Brasil com o restabelecimento da democracia. No reencontro com as raízes e a língua portuguesa, sua carreira de escritora se afirmou em mais dois livros de ensaios e cinco livros de crônicas e contos.
Em 1991 publicou Elogio da Diferença (Brasiliense), traduzido para o inglês, In Praise of Difference (Rutgers, 1998), e reeditado, com nova introdução, em 2012. Neste clássico da literatura sobre o feminino, redefiniu a igualdade entre homens e mulheres como a afirmação das diferenças e a recusa de hierarquias.
Em 1995, foi nomeada, pelo Presidente da República, Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. No mesmo ano, chefiou a Delegação brasileira à Conferência Mundial da Mulher em Beijing, marco histórico na promoção dos direitos das mulheres na escala global. Foi embaixadora do Brasil na Comissão de Mulheres da OEA e é membro do painel Mundial sobre Democracia da Unesco.
Seu livro Reengenharia do Tempo (Rocco, 2003), segundo grande momento em sua escrita ensaística, questiona os usos do tempo, essa aflição constante no mundo contemporâneo em defesa da sobrevivência da vida privada. Memórias e ideias, experiências e projetos se combinam numa sequência de livros que reinventam a crônica, inaugurando o que a crítica literária chamou de crônica ensaística: A Dama e o Unicórnio (2000), Outono de Ouro e Sangue (2002), A Natureza do Escorpião (2006), Chão de Terra (2010) e Baile de Máscaras (2014).
Um fio condutor perpassa sua vida e obra: o elogio da liberdade, a defesa dos direitos humanos, a valorização da cultura feminina como contribuição à civilização, a atenção aos desafios das cidades e das novas tecnologias. Como contribuição à cidade em que vive, preside desde 2007 o movimento Rio Como Vamos de promoção da participação e responsabilidade cidadã.
19/02/2019