Historiadora Heloisa Starling encerra na ABL o ciclo de conferências “Capítulos de história colonial”, sob coordenação do Acadêmico Evaldo Cabral de Mello
Publicada em 21/06/2017
A Academia Brasileira de Letras abriu seu ciclo de conferências do mês de julho de 2017, intitulado Cadeira 41, com palestra do escritor Luiz Ruffato. A coordenação foi da Acadêmica e escritora Ana Maria Machado. O tema escolhido foi Todos contra Júlia!. Entrada franca.
O evento aconteceu terça-feira, dia 4 de julho, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.
Foram fornecidos certificados de frequência.
A intitulação Cadeira 41 remonta aos tempos de fundação da ABL, em 20 de julho de 1897. Criada nos mesmos moldes da Academia Francesa, o máximo de Acadêmicos era de 40, o que continua até os dias de hoje. Este ciclo, no entanto, pretende apresentar quatro nomes que poderiam ocupar, em suas épocas, uma dessas cadeiras e, que, por razões diferentes e individuais, não se tornaram membro da Academia: Júlia Lopes de Almeida, Lúcio Cardoso, Lima Barreto e Clarice Lispector.
A Acadêmica Ana Maria Machado, Primeira-Secretária da ABL, é, também, a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2017.
De acordo com o palestrante, Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) é um dos maiores escritores brasileiros – assim mesmo, no masculino, segundo afirmou – e, no entanto, os principais manuais e compêndios de história da literatura nacional sequer registram seu nome em notas de rodapé.
“Autora da obra-prima A falência (1901), exemplo maior do romance realista, Júlia foi cogitada para ocupar uma das cadeiras na fundação da Academia Brasileira de Letras, mas acabou preterida, como uma espécie de prêmio de consolação, por seu marido, Felinto de Almeida, bom pai, bom esposo, mas poeta medíocre. Em um momento em que as mulheres não tinham nenhum espaço no meio intelectual, a sociedade, Júlia foi pioneira na literatura infantil (seus contos infantis datam de 1886), pioneira no jornalismo (colaborou por mais de 30 anos no jornal O País), pioneira na defesa dos direitos da mulher, além de abolicionista e republicana. O silêncio que ainda hoje recai sobre ela é inadmissível, fruto de uma sociedade machista e de uma crítica literária conservadora e provinciana”, adiantou Ruffato sobre sua palestra.
Cadeira 41 terá mais três palestras, às terças-feiras, no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 11, Valéria Lamego, É quase tudo ficção: Lúcio Cardoso e o crime do dia; 18, Felipe Botelho Corrêa, Lima Barreto em revista; e 25, Nádia Battella Gotlib, O legado de Clarice Lispector.
Saiba mais
Luiz Ruffato publicou os seguintes romances: Eles eram muitos cavalos (2001); De mim já nem se lembra (2007); Estive em Lisboa e lembrei de você (2009); Flores artificiais (2014); e Inferno provisório (2016). Lançou, ainda, As máscaras singulares (2002), poemas; Minha primeira vez (2014), crônicas; e A história verdadeira do Sapo Luiz (2014), infantil.
Seus livros conquistaram os prêmios Machado de Assis, APCA, Jabuti e Casa de las Américas e estão editados, também, na Alemanha, Argentina, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Macedônia, México e Portugal. Ruffato foi escritor-residente na universidade de Berkeley (EUA), é colunista semanal do jornal El Pais-Brasil e consultor de literatura do Instituto Itaú Cultural. Em 2016, recebeu o Prêmio Internacional de Literatura Hermann Hesse, na Alemanha.
28/06/2017Publicada em 21/06/2017