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Nelson Pereira dos Santos torna-se o 1º cineasta a ocupar cadeira na ABL

 

Bianca Kleinpaul

O Globo (10.03.2006)


Nelson Pereira dos Santos definiu sua eleição na Academia Brasileira de Letras, ontem, como “um filme de fantasia, daqueles que acabam com final feliz”. O primeiro cineasta a ocupar uma vaga na instituição estava “bobo”, apesar de saber que era o favorito à cadeira número 7, ocupada pelo embaixador Sérgio Corrêa da Costa.

Com mais de 20 filmes no currículo - incluindo adaptações dos livros de Graciliano Ramos “Memórias do cárcere” e “Vidas secas” - Nelson foi escolhido por 27 dos 38 acadêmicos. Apenas outros dois adversários ganharam votos. O poeta Ronaldo Cunha Lima, ficou com cinco, enquanto o diplomata Dário Castro Alves levaria dois, mas acabou retirando sua candidatura.

A novidade de um cineasta na ABL não é o que se pode chamar de “modernização” da casa de Machado de Assis. Segundo seu presidente, o acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, a casa não pode perder o zelo à tradição e Nelson foi eleito graças ao seu processo criativo.

- Buscamos em Nelson a consagração de uma das vertentes mais ricas da produção cultural: o cinema - afirmou Vilaça, dizendo não se preocupar com o fato de um cineasta que publicou apenas um livro, “Três vezes Rio” (uma coletânea de seus roteiros), fazer parte da instituição. - Se um dia a ABL não tiver polêmica, ela morre.

Para o ex-presidente Ivan Junqueira, a candidatura do cineasta foi bem-recebida desde o início e sua eleição mostra que “a casa não é fechada”.

- Desde Joaquim Nabuco a casa tem a tradição de eleger personagens pela notabilidade em qualquer área, como Ivo Pitanguy e Evandro Lins e Silva, entre outros.

Este novo casamento entre o cinema e a literatura merecia uma festa à altura. Numa recepção pouco vista na história dos eleitos da ABL, Nelson recebeu os cumprimentos dos novos colegas na mansão que pertenceu a Austregésilo de Athayde, no Cosme Velho. O bufê era da conceituada família Aquim e os convidados reuniam um time e tanto do cinema nacional. Estavam lá os diretores João Moreira Salles, Eduardo Coutinho, Sílvio Tendler e Luiz Carlos Lacerda, além de Ziraldo, o diretor de fotografia Walter Carvalho, a mãe de Glauber Rocha, dona Lúcia Rocha, e a atriz Beth Mendes. O diretor Ruy Guerra fez questão de cumprimentar Nelson antes da pré-estréia de seu filme "O veneno da madrugada", ontem à noite.

 

22/05/2006 - Atualizada em 21/05/2006