A Academia Brasileira de Letras traz para o centro do debate a questão racial de Machado de Assis. No dia 11 de junho, às 16h, a historiadora e diretora do Arquivo Nacional Ana Flávia Magalhães Pinto dará a palestra "Era... de cor como eu": racismo e antirracismo na trajetória de Machado de Assis". As inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/era-de-cor-como-eu-racismo-e-antirracismo-na-trajetoria-de-machado-de-assis-464137/
Segundo a historiadora, afetos e desafetos referiram-se – e ainda se referem – a Machado de Assis por meio de “marcadores da racialização”.
- O próprio escritor fez uso desse repertório para construir personagens, ou mesmo se posicionar socialmente. Nesse diálogo, registros de sua trajetória, pensada em articulação com as de outros homens negros livres, letrados e atuantes em espaços da política e da cultura do Brasil oitocentista e do início do século XX, servirão de mote para refletirmos sobre a historicidade do racismo e do antirracismo em nossa sociedade – afirmou Ana Flávia.
O ciclo “Machado de Assis e a questão racial” está relacionado ao curso Machado Quebradeiro, voltado para formação de escritores em comunidades de periferia do Rio, que está sendo realizada na ABL todas as terças-feiras. A coordenação é da escritora e Acadêmica Heloisa Teixeira. O ciclo segue no dia 18, com o professor de Literatura Afro-Brasileira Paulo Dutra. Na palestra, ele irá discorrer sobre “Machado e a invenção do "ser-branco" no Brasil”.
Encerrando o ciclo, no dia 25, o professor de literatura brasileira da Universidade de Princeton, Pedro Meira Monteiro, e o professor de Literatura Brasileira da USP, Hélio de Seixas Guimarães, discutirão sobre "As melindrosas presunções da branquitude". Hélio é vencedor do Prêmio Jabuti pelo livro Os leitores de Machado de Assis.
Sobre Ana Flávia Magalhães
Além de Diretora-Geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto é secretaria do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) desde março de 2023. É historiadora, com formação em Jornalismo e Letras. É integrante da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros, entidade que compõe a Coalizão Negra por Direitos. É professora do Departamento de História, na graduação e na pós-graduação, bem como do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UnB. Tem se dedicado a projetos de história pública, a exemplo da exposição histórico-fotográfica “Reintegração de Posse: Narrativas da Presença na História do Distrito Federal”.
É autora de “Imprensa Negra no Brasil do Século XIX” (Selo Negro, 2010) e “Escritos de Liberdade: Literatos Negros, Racismo e Cidadania no Brasil Oitocentistas” (EdUnicamp, 2019).
O CICLO
Segundo a Acadêmica Heloisa Teixeira, o ciclo propõe uma leitura sintomal da obra de Machado e revela seu empenho na abolição, além de explicitar as contradições das elites brancas olhadas com aguda ironia pelo escritor. - Este ciclo discute como é conduzida a questão racial na obra de Machado. A presença negra em seus contos, romances e, especialmente crônicas, mostra o equívoco de uma pretensa alienação do bruxo de Cosme Velho. Em suma, vamos revelar um novo Machado visto agora com novas lentes. Afinal, a ABL é a sua casa e tem a responsabilidade abrir esse debate que o afasta do conjunto da população – ressalta Heloisa.
INSCRIÇÕES:
18 de junho - "Machado e a invenção do "ser-branco" no Brasil” - Paulo Dutra - https://www.even3.com.br/machado-de-assis-e-a-invencao-do-ser-branco-no-brasil-464141/
25 de junho - As melindrosas presunções da branquitude" – Pedro Meira Monteiro e Hélio de Seixas Guimarães - https://www.even3.com.br/as-melindrosas-presuncoes-da-branquitude-464143/
04/06/2024