A última edição da Revista Z Cultural on line presta homenagem à Acadêmica Heloisa Teixeira, morta em março de 2025. Ana Maria Machado e João Almino se juntam a outros intelectuais – jornalistas, escritores, professores – para traçar um perfil de Helô.
O texto de Ana Maria Machado é a reprodução de seu discurso de recepção à então nova Acadêmica. “Receber Heloisa Buarque de Hollanda (ou Teixeira) entre nós é motivo de festa para esta Casa. De minha parte, e me desculpando pelo tom pessoal, devo dizer que saudá-la com carinho é fácil, tamanha a admiração que tenho por ela e o afeto de que nossa amizade fraterna, ainda que bissexta, se alimenta há décadas”.
“Quando começamos a conviver, ainda na década de 1960, logo me impressionou sua capacidade de equilibrar qualidades complementares – por vezes até julgadas opostas pelo senso comum. Como, por exemplo, a clareza racional e a intensidade afetiva. Ou a busca da solidez teórica e o simultâneo respeito ao improviso e à intuição. Aspectos raros de serem encontrados na mesma pessoa de forma balanceada, em configuração que logo aprendi a admirar. E até hoje admiro, cada vez mais, nessa Heloisa que é uma mestra em cruzar fronteiras. Sempre a nos surpreender com grandes guinadas investigativas e criadoras ou suas pequenas rebeldias simbólicas. Desde que a conheci”.
João Almino lembrou sua fala na sessão da Saudade de Heloisa: “A Helô foi uma feminista de destaque, de grande influência. E, mesmo sendo uma feminista convicta, soube reconhecer o valor literário de uma antifeminista declarada como Rachel de Queiroz. O que conto aqui aconteceu na noite de 27 do mês passado; soube da morte da Helô na manhã seguinte”.
“Queria deixar esse registro: o de que ela me acompanhou, de alguma forma, ao longo de décadas — e me acompanhou de maneira especial nesses últimos dias no Nordeste. Fico eternamente grato por tudo que ela fez. Mesmo não tendo me envolvido diretamente nos projetos tão importantes que ela concebeu e realizou, mantenho profunda admiração pelos caminhos que abriu, pelo papel que sempre desempenhou: o de ser um farol a iluminar novos rumos. Inclusive esse da Universidade das Quebradas, que não se limitou ao Rio de Janeiro — ela o levou, de alguma forma, ao país inteiro. É isso”.
A editora da revista, Beatriz Resende, abre o editorial com o título “Heloisa está presente” e lembra que a revista foi uma criação de ambas há mais de 20 anos. De editora, Heloisa passou a curadora e manteve até o fim a coluna que inventou: “Vale a Pena Ler de Novo”. A revista é uma publicação semestral do Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC/Letras/UFRJ – programa de ensino, pesquisa e extensão vinculado à Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Aberta à colaboração de pesquisadores do Brasil e do exterior, publica artigos inéditos em português, inglês e espanhol, divulga discussões e pesquisas inovadoras em torno do eixo cultura e desenvolvimento nas áreas de literatura, arte, design, mídia, arquitetura e urbanismo, meio ambiente e novas tecnologias e conta com a participação regular de pesquisadores do Programa de Pós-doutorado em Estudos Culturais do PACC/Letras/UFRJ, responsáveis pela curadoria dos dossiês de cada número.
O Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC UFRJ), criado em 1994, é um programa de inovação acadêmica que articula ensino, pesquisa e extensão em formatos experimentais. Constituindo-se como uma linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da Faculdade de Letras (UFRJ), o PACC UFRJ promove articulações de trabalhos colaborativos em rede com os vários centros da UFRJ e outras instituições acadêmicas e culturais, assim como organizações da sociedade civil no país e no exterior.
Para ler a revista, clique no link: https://revistazcultural.pacc.ufrj.br
05/08/2025