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Artigos

  • Da minha dita intimidade com o poder

    Outro dia, o grande jornalista e meu amigo, Ancelmo Góis, em sua notável coluna, assegurou que a  minha História da Literatura Brasileira foi levada  pelo dinâmico editor da Leya, de São Paulo, para o senador e  escritor José Sarney e esse levou em mãos um exemplar para Dilma Rousseff, o que me deixou contente. Não por ter intimidade com o poder - já que até agora não me foi conferida essa faculdade, e os que a tem,devem guardá-la eficazmente para si.Nem por ser velho amigo da presidenta (vou usar essa expressão em sua homenagem), já que é a primeira mulher, entre nós, a execer tal cargo e o conhecimento da língua não o veda), desde o Rio Grande do Sul, de onde vim e ela viveu longo tempo e ocupou cargo importante.Se minha intimidade é a convivência da mesma terra e se esse "conviver" nos proporciona o mesmo clima, a mesma paisagem, a mesma temperatura do coração, então sim. Pois a terra é sempre um dom, equilíbrio e nascença da alma. Mas a paixão por Guimarães Rosa que nos une, e a justeza do empenho em trazer de volta ao Brasil Abaporu de Tarsila do Amaral.

  • Chores por mim

    Foi de Lovelock a expressão de que a Terra é um ser vivo. Em sua bilionária história, milhões de vezes ela deu sinal de que ainda não morreu solitária, com um sol apagado.

  • Crise inesperada

    A Líbia não estava na linha de tiro dos Estados Unidos nem da Otan. Com o Iraque, depois de longos anos de guerra fria, todos previam, sem nenhuma contestação, que o desfecho seria um confronto armado.

  • Tapas e beijos

    Nossas relações com os EUA foram sempre de altos e baixos. Não uma incompatibilidade de gênios, mas uma intolerância de comportamentos. Nessa relação, houve momentos românticos e instantes de rusgas.

  • Alencar e seu destino

    No meu tempo, não vi um político ser objeto de opinião tão unânime e receber uma solidariedade tão sem contrastes de todos os segmentos da sociedade quanto José Alencar.

  • O sangue das meninas

    0 Brasil inteiro está tomado de grande comoção e também de grande revolta. Não fomos feitos para viver tragédias desse tipo. Em Realengo, no Rio de Janeiro, um fronteiriço, possesso —esta é a palavra— entre a loucura e a maldade, invade uma escola e atira nos alunos que estavam em classe, faz tombar mortos dez meninas e dois meninos, além de ferir mais 13 estudantes, alguns gravemente.

  • Os plebiscitos

    O trauma provocado pela tragédia de Realengo fez o senador José Sarney pensar em propor um plebiscito (na verdade, um referendum) sobre o uso e a venda de armas.

  • A velha Europa

    Há alguns anos não voltava à Europa. Vejo-a deprimida, como numa sensação de crise insuperável, um pouco aquilo que viveu o Brasil durante muitos anos: o famoso abismo, "estamos à beira do abismo", que o nosso Jânio, no seu pernosticismo verbal, chamava de "dédalo". Desapareceu o brilho dos seus encantos. O contraste com o nosso ânimo é imediato. Saímos da euforia de um Brasil que cresce, em que há empregos e a autoestima voltou e que já fala grosso nos fóruns mundiais.

  • O diabo Bin

    0 mundo midiático transformou santos e diabos em uma vivência coletiva e não mais, como em outros velhos tempos, numa força individual. Logo, eles ganham corações e ódios que se espalham por toda a humanidade. Osama Bin Laden conseguiu aquilo que parecia impossível de ser conseguido: atacar o território dos Estados Unidos. O atentado as torres gêmeas, com quase 3.000 mortos, ocorreu em solo americano e despertou o medo e, mais ainda, o desejo de vingança, transformado em sentimento patriótico.

  • Emigrações, passos do futuro

    Há alguns anos participei em Quéretaro, no México, de uma reunião internacional — na qual entre os presentes estavam Henry Kissinger, Robert McNamara, Takeo Fukuda, Helmut Schmidt e muitos outros experts e estadistas mundiais —, que discutiu os problemas do futuro da humanidade, tema recorrente no InterAction Council. Dois problemas se destacavam entre os muitos que teriam de ser geridos pelos estados nacionais: as migrações e o balanço alimentar.

  • Fale errado, está certo

    Nada mais representativo da burrice do que essa teoria do falar errado. Foi quando fui presidente da República que universalizei o programa do livro gratuito nas escolas, e o grande problema era a qualidade do livro.

  • Cinzas e ventos

    É o velho e sábio Salomão quem nos diz -e tem sido repetido ao longo dos milênios- que "nada há de novo debaixo do sol". Esse trecho está na passagem em que fala que há o dia de plantar e o de colher, chegando a dogmatizar que "uma geração vai e outra geração vem, mas a Terra permanecerá para sempre".

  • Peru à brasileira

    O Peru, como o Brasil, teve em sua história recente comuns atropelos com os militares e divisões pseudoideológicas a pregar reformas de base esotéricas, xenofobias desesperadas e populismo anárquico. Tal fase, para eles, só acabou em 1985, com o término do mandato de Belaúnde Terry e a eleição de Alan Garcia (em seu primeiro governo). A política peruana sempre foi comandada pela aristocracia crioula de Lima ou pelos "incas", militares que comandavam, como Velasco Alvarado, ideias autoritárias cora base ideológica. Era frágil a estrutura democrática e o interior permanecia com a população indígena mergulhada na miséria absoluta. Como complicador inesperado, surgiu essa inacreditável cunha chamada Fujimoria quem recusei receber em meu primeiro mandato como presidente do Senado, em 1996, por ter fechado o Congresso peruano—, que ainda resiste com sua filha Keiko, herdeira do populismo, candidata nas últimas eleições.  A disputa no Peru se processou, como na eleição de Lula em 2002, sob dicotomias: "medo e esperança", "medo e populismo", "medo e moral". Ollanta Humala, o primeiro "cholo" puro a romper a tradicional divisão do país, outrora radical e partidário da violência, converteu-se à realpohtik. Respeito aos mercados, estabilidade fiscal, promessas de inclusão social e distribuição de renda. O Peru vive uma fase de crescimento; o problema de Humala será mais fácil, pois não precisa, como no Brasil em 2002, retomá-lo, mas mantê-lo com justiça social. Pesa sobre a população a herança da guerrilha do Sendero Luminoso e a profunda divisão entre o interior e a capital. Basta ver que Keiko Fujimori teve 57% dos votos na grande Lima e foi o apoio maciço do interior a Humala que decidiu a eleição.

  • Sarney Ponto Com

    Uma jovem americana, Sarah Law Wu, tem o endereço @sarney no Twitter. Ela explica que é o apelido que lhe foi dado por sua avó, no Colorado, quando era menina -hoje tem 34 anos.

  • O colapso das cidades

    Sempre que encontrávamos um engarrafamento de trânsito em qualquer lugar do Brasil, vinha logo a resposta de "parece que estamos em São Paulo", onde há muitos anos o problema de tráfego parece ser insolúvel.