Jornalista José Nêumanne Pinto abre na ABL o ciclo de conferências ‘Guimarães Rosa, escritor e diplomata’, sob coordenação do Acadêmico Carlos Nejar
Publicada em 06/03/2018
A Academia Brasileira de Letras deu continuidade ao seu ciclo de conferências do mês de março de 2018, intitulado Guimarães Rosa, escritor e diplomata, com palestra do escritor e professor Deonísio da Silva. O tema escolhido foi O julgamento de Zé Bebelo e a Lava Jato. O Acadêmico Carlos Nejar coordena o ciclo. O evento aconteceu no dia 13 de março de 2018, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro.
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado, Primeira-Secretária da ABL, é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2018.
Foram fornecidos certificados de frequência.
O ciclo terá mais duas palestras, às terças-feiras, no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 20, Acadêmico João Almino, Guimarães Rosa, do sertão às fronteiras; e 27, Benito Ribeiro, Rios e Riobaldos.
“O propósito desta breve intervenção, observou Deonísio da Silva, é apontar um caminho porventura insólito para outra leitura do trecho do julgamento do personagem Bebelo, episódio marcante de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa”.
De acordo com o conferencista, “o julgamento do personagem Zé Bebelo foi lido de forma a trazer a luz diáfana da literatura para o ato de julgar. Todos os que leram a obra de Guimarães Rosa sabem o desfecho do julgamento do personagem que, derrotado, com as mãos amarradas atrás, faz a própria defesa em meio a jagunços divididos entre matar e perdoar. Mas, autorizado por Joca Ramiro, o chefe máximo dos jagunços, que preside o julgamento, solicita que, para falar, lhe sejam desatadas as mãos e que as acusações sejam feitas de outro modo: “Rompo embargos! Porque acusação tem de ser em sensatas palavras – não é com afrontas e insultos”.”
E concluiu sua explicação: “A referência à operação designada por “Lava Jato” pela Polícia Federal pareceu oportuna pela presença de figuras referenciais de qualquer julgamento: o réu, a acusação, a defesa, o juiz – e por estar ubíqua e diuturnamente em todos os lares, por todos os meios”.
O CONFERENCISTA
Escritor e professor universitário, Deonísio da Silva é doutor em Letras pela USP, autor de nove romances, vinte livros de narrativas curtas e seis livros de ensaios.
De seus romances, Avante, soldados: para trás (publicado também em Portugal, Cuba, Itália etc.) recebeu o Prêmio Internacional Casa de las Américas, e Teresa D´Ávila foi levado ao teatro e premiado pela Biblioteca Nacional. O mais recente é Lotte & Zweig, ambientado nos anos 40, tendo como personagem solar o escritor judeu-austríaco Stefan Zweig. (Já publicado também na Itália).
Professor aposentado da UFSCar, Deonísio da Silva foi vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, da qual continua como Professor Titular Visitante e Diretor do Instituto da Palavra, organismo que fundou ao transferir-se para o Rio, em 2003.
Vice-presidente da Academia Brasileira de Filologia, Deonísio da Silva assina colunas semanais de Língua Portuguesa na mídia impressa há mais de vinte anos, de que é exemplo a de Etimologia na revista Caras, mantendo, desde 2011, o programa “Sem Papas na Língua”, na rádio Bandnews Fluminense, na companhia do jornalista Ricardo Boechat, cujo conteúdo é baseado num de seus livros mais vendidos, intitulado De onde vêm as palavras.
13/03/2018Publicada em 06/03/2018